Bastidores de “Tremembé”: os segredos da criação do clima da série
Guta Carvalho contou à Vejinha sobre a construção do clima e espaço do complexo penitenciário
							Ambientada no Complexo Penitenciário de Tremembé, a nova série de true crime da Prime Video teve a direção artística de Guta Carvalho. Em entrevista à Vejinha, ela conta os bastidores da produção e a construção do clima de tensão que envolve os episódios.
“A direção de arte e o figurino em Tremembé foram pensados como extensões do estado emocional dos personagens. Cada espaço, cor e textura traduz o que eles não conseguem expressar em palavras.” Guta conta que a equipe reuniu imagens de presídios genéricos, relatos de agentes penitenciários e pessoas que já haviam visitado unidades prisionais, além de defensores públicos para construir a imagem da cadeia.
Os espaços das alas dos dormitórios feminino e masculino, o pátio das detentas e outras áreas do presídio são ambientados em uma fábrica de lingerie desativada. “O local nos ofereceu a estrutura ideal para recriar esses ambientes, equilibrando realismo e interpretação visual”, conta.
    Os detalhes do figurino, como as roupas gastas e os pequenos gestos de personalização, revelam a tentativa dos detentos de preservar sua identidade, o que constrata com a paleta de cores institucionais e rígidas do complexo penitenciário. “No fundo, tanto o espaço quanto o corpo se tornam espelhos do psicológico: o que está por fora é o reflexo direto do que está se partindo por dentro.”
Em uma postagem, Ullisses Campbell, autor do livro homônimo que inspirou a série, parabenizou a direção de Guta. “O cenário reproduz com precisão o ambiente do regime semiaberto da penitenciária mais famosa do país. Lá, os presos não ficam em celas, mas em um alojamento coletivo. É nesse espaço que nascem os conchaves, as intrigas e as disputas de poder”, escreveu.
“Desconforto silencioso”: o clima da série
“Eu gostaria que o público sentisse um desconforto silencioso, uma tensão constante entre o que é limpo e o que é gasto, entre o que parece real e o que é apenas reconstrução. Criamos uma atmosfera densa, onde o peso do espaço fala tanto quanto os personagens”, explica Guta.
A diretora conta que o clima de tensão foi uma combinação entre a frieza institucional e a desordem cotidiana: “Os dormitórios com seus pertences amontoados, as marcas de uso, o improviso que denuncia a vida real ali dentro. A sujeira, o desgaste e o acúmulo são parte dessa narrativa, eles contam o que o tempo e a convivência fazem com o espaço”.
Outro aspecto destacado por ela é a ideia de reflexos partidos, com espelhos fragmentados, imagens distorcidas e superfícies que não devolvem uma figura inteira, o que reforça a premissa de estudo psicológico da série.
“São metáforas desse indivíduo que se fragmenta, que perde a nitidez de quem é. Quem é a pessoa e quem é o criminoso? O reflexo, nesse caso, não é só uma imagem, é uma pergunta sobre o real, sobre o que restou de identidade”, explica.
    Inspirada pelas obras de Judith Lauand, a produção utilizou cores e elementos para criar uma ordem dentro do caos da prisão, além da ideia de tensão entre contenção e ruptura.
“A geometria dura, as linhas e estruturas em série trazem uma sensação de contenção, mas também uma energia vibratória, quase uma tentativa de equilíbrio. É como se, dentro do caos, ainda houvesse um desejo de harmonia…No fundo, é uma busca por restabelecer alguma ordem interna, mesmo quando tudo o que se tem são fragmentos.”
“O confinamento aparece nos reflexos distorcidos, nas cores institucionais que dominam o olhar, na sensação de que tudo está um pouco fora do lugar. Espero que o público saia com a impressão de ter atravessado um espaço onde o tempo parece parado, mas a vida pulsa em pequenos gestos, fragmentada, tensa, humana”, conclui Guta.
Sinopse
A série aborda o Complexo Penitenciário de Tremembé, conhecido como “a prisão das estrelas”. Localizado no interior de São Paulo, ele teve entre seus detentos nomes como Suzane, Alexandre Nardoni, Anna Carolina Jatobá e Sandra Regina Gomes (Sandrão).
Inspirada no livro homônimo de Ullisses Campbell, a produção revela os bastidores do complexo penitenciário e as relações de poder entre os detentos, além de reproduzir cenas como a primeira entrevista de Suzane von Richthofen e Sandrão para o Gugu, em 2015. O lançamento aconteceu nesta sexta-feira (31), com cinco episódios.
    
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