Há na arte contemporânea um tipo peculiar de instalação, no qual se cria um trabalho para um lugar em especial. O procedimento ganhou um nome metido a besta, site specific, e o resultado muitas vezes deixa a desejar. No caso da inspirada mostra Planos de Fuga — Uma Exposição em Obras, no Centro Cultural Banco do Brasil, o método funciona.
Nela, os curadores Rodrigo Moura, de Inhotim, e Jochen Volz, da galeria londrina Serpentine, reuniram doze artistas. O conceito, contudo, se aplica a cinco das doze obras, que são de fato inéditas. Ainda assim, vale reservar um tempo e investigar a relação próxima com a arquitetura do edifício.
Logo na entrada, o visitante depara, no vão do CCBB, com um véu gigantesco, formado por faixas de plástico em vermelho e amarelo. Trata-se de Cortina, de CristianoRennó. Uma sala concentra fotografias, a parcela mais histórica da montagem. Ali, Claudia Andujar exibe registros de um passeio de carro por São Paulo nos anos 70, enquanto o americano Robert Kinmont retrata paisagens desertas da Califórnia.
O colombiano Gabriel Sierra fez uma intervenção inusitada numa sala: levantou paredes cenográficas vazadas e geometrizadas, chegando a uma espécie de megaescultura construtivista. Cildo Meireles engana o público em Ocasião, um jogo de espelhos que nos obriga a ser observados sem saber. A grande curiosidade está no cofre, onde Sara Ramos simula um prédio em construção. No fim do percurso, uma surpresa adorável aguarda o espectador.
AVAliAção ✪✪✪