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Arlindo Barreto, ex-Bozo, quer voltar aos palcos

Filme que estreia nessa semana foi inspirado na trajetória do hoje pastor evangélico

Por Ana Carolina Soares
18 ago 2017, 18h49
Arlindo Barreto, o Bozo (Leo Martins/Veja SP)
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A cena deve passar batido por boa parte do público de Bingo — O Rei das Manhãs, filme inspirado no palhaço Bozo que estreia na quinta (24). Após uma confusão criada pelo protagonista Augusto Mendes, interpretado por Vladimir Brichta, um figurante ganha um close e comenta “quem é esse cara?”, antes de sumir da trama.

Pois o personagem é o próprio Arlindo Barreto, que encarnou o mítico ídolo do SBT durante seis anos e em cuja trajetória se baseia a superprodução de 9 milhões de reais. Pode-se dizer que sua vida foi realmente um picadeiro, ainda que nem sempre ele estivesse vestido com o figurino azul e a bizarra peruca vermelha horizontal.

Tornaram-se célebres as suas dezenas de casos amorosos — incluindo um com a cantora Gretchen, outro ícone da década de 80 — e o vício em cocaína — seu nariz chegou a sangrar durante um programa ao vivo por causa do uso constante do pó.

Bozo Arlindo Barreto 1983.JPG
O palhaço no auge da carreira: vida louca (Divulgação/SBT/Veja SP)

Algumas dessas histórias estarão presentes no longa, que não pôde apropriar-se do nome original do personagem por veto da família do americano Larry Harmon (o dono da marca, morto em 2008).

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Filho da atriz Marcia de Windsor, Arlindo Barreto iniciou a carreira nos anos 70 em pontas de novelas e pornochanchadas. A fama veio a partir de 1982, quando ele assumiu o papel do palhaço, que teve outros intérpretes ao longo de onze anos. No auge, Barreto adquiriu imóveis nos Jardins e vários carros. Perdeu tudo com gastos excêntricos, como o aluguel de jatinhos.

Em 1987, afastou-se da TV para tratar o vício nas drogas e, dois anos depois, tornou-se pastor evangélico. Já pregou fantasiado de Bozo, mas foi proibido pelos donos da marca. “Não posso nem mais falar esse nome de quatro letras.” Para substituir o original, inventou o personagem Mr. Clown.

Hoje, aos 65, vive com renda média de 9 000 reais, fruto de palestras e da aplicação dos 100 000 reais de direitos autorais recebidos pelo filme. Mora sozinho em Santana, em uma casa do empresário Rinaldi Faria, da grife de palhaços Patati Patatá. “Adoro ter amigos milionários, desfruto o conforto sem a dor de cabeça de administrar a fortuna”, brinca.

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Por ali, na sala, mantém fotos e discos de ouro de sua época áurea. Com o lançamento nos cinemas, sonha voltar à fama. “Quero atuar novamente e me apresentar em circos vestido de Bingo.”

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