Ana Elisa Egreja ocupou literalmente todos os cômodos da casa da avó para criar suas pinturas. Nino Cais tirou do armário sua coleção de fotografias para fazer belas intervenções. Confira abaixo as críticas dessas excelentes mostras em cartaz em duas galerias da cidade.
Ana Elisa Egreja, na Galeria Leme
Sua nova individual na Galeria Leme, Jacarezinho 92, mostra de que maneira o realismo — antes limitado a pequenas cenas — começou a ocupar grandes dimensões. Ratos, periquitos e galinhas (alugados) e polvos (comprados no mercado de Pinheiros) foram levados para a casa da avó para compor cenários com pérolas, azulejos, frutas, papéis de parede ornamentados e luzinhas de Natal. As situações foram registradas em fotografias que, por sua vez, viraram base para suas pinturas gigantes. Sete telas da mostra exibem seu domínio total de técnicas de textura, jogos de luz e sombra e representação.
Nino Cais, na Galeria Casa Triângulo
Colecionar imagens antigas é o maior vício do artista Nino Cais. Livros de biologia, revistas de cinema e enciclopédias preenchem as prateleiras do seu ateliê. Em sua nova individual, quarenta dessas fotos ganharam intervenções que alteram a narrativa contada pelas cenas originais. Algumas são montadas com facas, lâminas e bijuterias, outras ganham novos recortes. Dá ainda mais brilho à mostra a instalação Ópera do Vento, formada por 85 estantes de partitura que carregam representações de conchas, uma referência ao barulho do mar.