Dirigida por Carla Candiotto, a Cia. Delas interpreta com humor A Famosa Invasão dos Ursos na Sicília, no Teatro Alfa. A história é uma adaptação do livro homônimo escrito pelo italiano Dino Buzzati. Na trama, uma família de ursos deixa o refúgio das montanhas rumo à planície em busca do caçula Tônio (Lilian Damasceno), capturado por dois caçadores (Fernanda Castello Branco e Paula Weinfeld).
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O sotaque italiano carregado dos personagens ganha, de cara, a simpatia do público. Também diverte a reação histérica do rei (Cecília Magalhães) à chegada dos invasores: ele obriga um assistente a subir e descer da torre do castelo várias vezes para avistá-los. Com o tempo, os bichos são aceitos e passam a viver ao lado dos humanos. O urso Leôncio (Thaís Medeiros), o chefe da família, acaba se tornando rei da Sicília, mas fica triste quando percebe que os animais esqueceram valores importantes, como a humildade e a amizade.
Em entrevista à VEJA SÃO PAULO, Carla fala sobre o processo de criação da montagem. “Quando a companhia me chamou para montar um texto de Dino Buzzati, achei maravilhoso. É um autor que eu gosto muito e há uma curiosidade: é o único infantil dele”, diz. Confira a entrevista com a diretora:
Vocês começaram a montar a peça em abril deste ano. Como foi esse processo?
Ensaiamos todos os dias durante os últimos três meses. Já havia dirigido Histórias por Telefone para a mesma companhia no ano retrasado e foi uma parceria muito boa. Quando elas me chamaram para montar um texto de Dino Buzzati, achei maravilhoso. É um autor que eu gosto muito e há uma curiosidade: é o único infantil dele. Então é uma obra muito mais profunda, que chega a ser política, mas é também lúdica.
Qual foi sua inspiração?
Dino, o autor, viveu na época do meu avô italiano, que me contava muitas histórias. Quando li o livro, percebi uma semelhança muito grande entre as narrativas deles. Por isso fiquei sempre com meu avô na cabeça.
Na Le Plat Du Jour, companhia que você dirige, é comum a adaptação de clássicos, como Chapeuzinho Vermelho. Como foi montar uma obra menos conhecida?
Existe uma diferença entre adaptar uma história que todos conhecem e uma história que nem todos conhecem. Existe uma preocupação maior também com as brincadeiras e toda a história, respeitando bastante o autor. Mas toda a linguagem que costumo usar está lá.
Qual é mais difícil?
Eu não sei qual é mais difícil. Adaptar é difícil, mas é uma aventura. Você entra em uma viagem com o autor e a história e coloca os elementos contemporâneos. Com isso, você percebe que não estamos muito distantes do que já foi escrito, no caso desta peça, em 1946.
Qual foi o maior desafio de dirigir A Famosa Invasão dos Ursos na Sicília?
O maior desafio foi representar a morte. Não tínhamos como ignorar essa parte, porque a peça fala sobre o ciclo da vida. Por isso fizemos uma bala com meia enrolada. É muito doce. Você não vê perigo e logo pensa: não vai doer.
Quais são os próximos projetos?
Estou dirigindo Simbá – O Navegante, da companhia Circo Mínimo. A peça estreia no fim do ano. Também estou preparando todo o repertório do Le Plat para inaugurar o Teatro UMC, novo na Zona Oeste da cidade.