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Negócios à vista

A combinação única de privacidade com o clima de "gravatas afrouxadas" torna iates, veleiros e até catamarãs o cenário ideal para executivos pescaram novos contratos

Por Antônio Alonso Jr.
Atualizado em 1 jun 2017, 18h10 - Publicado em 11 ago 2012, 01h00

O réveillon no Luna, barco de 115 metros do investidor russo Roman Abramovich, reúne gente tão abastada quanto o anfitrião, dono de uma fortuna de mais de 12 bilhões de dólares (a 68a da listada revista americana Forbes). No último, pousaram nos dois helipontos da embarcação sete dos homens mais ricos do planeta. Parte desse cardume se hospedou nos doze quartos para convidados do Eclipse, o maior iate particular do mundo, com 164 metros, pelo qual Abramovich desembolsou 250 milhões de dólares em 2010. Brinquedos caros, mas um investimento cada vez mais com retorno garantido. Entre goles de champanhe e de vodca, Abramovich e passageiros não têm tempo a perder. É por isso mesmo que o Luna, projetado pelo arquiteto Donald Starkey, da Donald Starkey Designs, estúdio atracado em Dubai, conta com uma praia particular — e com uma torre de comunicação gigante. É a maneira de o bilionário russo continuar em contato com os escritórios no continente, muitas vezes para conduzir oportunidades de negócios surgidas em alto-mar, em torno de sua piscina particular instalada no convés.

“Barcos se mostram excelentes salas de reunião, desde que não cometam o pecado de se parecer com uma”, acredita a designer de interiores paulistana Tânia Ortega, que trabalha há vinte anos no ramo náutico e decorou, entre outros, o Pershing 115 de Eike Batista. Eike e os demais homens de negócios de um país com litoral tão convidativo como o nosso já sacaram o potencial dos barcos para pescar muito mais que peixes. Foi assim que o executivo Eduardo de Souza Ramos, atualmente dono de uma lancha Procion 110 e de alguns veleiros, recrutou os atuais presidentes de suas duas empresas automotivas, a Mitsubishi e a Suzuki, além da diretora de marketing, com quem acabou se casando. “Tive a oportunidade de ver de perto, em um ambiente mais relaxado, a personalidade de cada um dos meus parceiros de trabalho”, diz ele, ex-velejador olímpico e colecionador de títulos de iatismo.

panthalassa negócios à vista
panthalassa negócios à vista ()

O pioneiro dos negócios em alto-mar foi o armador grego Aristóteles Onassis, há cinco décadas. Em seu barco, o Christina O., se cruzaram o presidente americano John F. Kennedy e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, além de estrelas como Marilyn Monroe. Foi ali que a atriz Grace Kelly celebrou o casamento com o príncipe Rainier — e, se proporcionam encontros amorosos, por que não teriam a mesma eficiência para selar contratos milionários? Onassis sabia que o ponto forte dos barcos era o clima de “gravatas afrouxadas” entre poderosos da política e das cifras. Essa atmosfera pode se tornar mais propícia com soluções de design de interiores. Por isso, os escritórios projetistas investem cada vez mais em espaços multiúso — regra que se aplica, inclusive, aos superiates de aluguel —, que funcionam tanto para lazer quanto para trabalho. No Candyscape II — vencedor em 2011 da primeira edição do SBID International DesignAwards, da Society of British Interior Design, organização britânica que premia os melhores projetosde design de interior, na categoria pequenos espaços —, a sala de estar se conecta à de jantar, onde a mesa funciona para reuniões e também para jogar. No veleiro Maltese Falcon, de 88 metros, a sala de jantar vira sala de conferências. No Panthalassa, portas selam a acústica da área de jantar, de onde, portanto, nenhuma negociação é ouvida. Outra ideia é usar os barcos para paparicar endinheirados. Cada um dos patrocinadores da regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race leva centenas de clientes a bordo durante os oito meses da corrida. As empresas Rolex e Credit Suisse também embarcam em experiências náuticas. Dono de uma agência de comunicação, Luís Gustavo Crescenzo promoveu ações da montadora Land Rover em dois de seus veleiros com potenciais consumidores.“Oitenta por cento deles fecharam negócio depoisdo passeio”, conta. Para pescar alguns peixões, só mesmo em alto-mar.

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