Cultura Inglesa Festival reúne indies no parque
Por Catarina Cicarelli Na tarde ensolarada deste domingo (27), muitas pessoas se dirigiram para o Parque da Independência, mas não foi simplesmente para um passeio qualquer. Ocorria ali pela segunda vez o Cultura Inglesa Festival, que já está em sua 16ª edição, mas a apenas duas promove um grande evento gratuito com nomes internacionais. + Os […]
Por Catarina Cicarelli
Na tarde ensolarada deste domingo (27), muitas pessoas se dirigiram para o Parque da Independência, mas não foi simplesmente para um passeio qualquer. Ocorria ali pela segunda vez o Cultura Inglesa Festival, que já está em sua 16ª edição, mas a apenas duas promove um grande evento gratuito com nomes internacionais.
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As primeiras atrações foram os grupos Freech, King Crab, Broth3rhood e Sociopatas, formados por alunos da Cultura Inglesa. Apesar de ter nomes mais conhecidos escalados, como line-up liderado pelo grupo escocês Franz Ferdinand, o festival manteve uma temática indie, o que se refletiu no público, formado em sua grande maioria por jovens descolados.
A programação começou às 11h e por volta do meio-dia cerca de 3 mil pessoas já se reuniam por lá. Do lado de fora, a fila era imensa e assustava quem não se preparou e chegou mais cedo. Com o sol a pino (a temperatura chegou a atingir os 30°C durante a tarde), muitos sofriam com o calor e até utilizavam guarda-chuvas para se proteger. A fila até andava rápido, mas chegou a circundar o parque. Nos rostos dos presentes, via-se a preocupação de saber se o sacrifício não seria em vão, já que o público estava restrito a 20.000 pessoas.
Como a temática do evento é abordar a cultura inglesa, até os grupos nacionais entraram na onda. A Banda Uó, que é conhecida por versões divertidas de artistas como Willow Smith e Katy Perry, deu uma abrasileirada em canções do The Smiths. Em seguida foi a vez dos paulistanos do Garotas Suecas fazerem uma “homenagem a Luciana Gimenez”, como eles mesmos afirmaram, e cantaram músicas dos Rolling Stones.
As atrações internacionais começaram às 15h30, com o grupo We Have a Band. O público ainda não era muito e grande parte ficou sentada no gramado, parecendo apenas aguardar o Franz Ferdinand. Apesar da parcela mais morna da plateia, o trio londrino animou os mais próximos ao palco com seu rock que flerta com a música eletrônica.
Quando o The Horrors subiu ao palco, às 17h, o sol já começava a sumir – o que foi um alívio para quem passou a tarde ali no calor. A esta altura, o número de pessoas já tinha crescido muito e o rock garageiro dos ingleses foi muito bem recebido. A esta altura, a fila lá fora ainda andava.
Pouco antes do show do Franz Ferdinand começar, o apresentador Edgard Piccoli elogiou a plateia por seu comportamento. Fora dos portões, no entanto, houve certo tumulto quando, às 17h50, foram fechados os portões sob a justificativa de que já havia sido atingida a capacidade do evento, que era de 20 mil pessoas. Para conter a multidão que ficou para fora, a Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás de pimenta. Segundo a contagem da organização, o público que compareceu ao local foi de 18 mil pessoas.
A apresentação do quarteto liderado por Alex Kapranos começou com quase 20 minutos de atraso. Está foi a quarta vinda da banda, que tocou aqui em 2008, 2009 e 2010. As muitas vindas ajudaram no vocabulário de Kapranos, que falou expressões básicas como “Muito obrigado” quase sem sotaque. Sem lançar um CD desde 2009, quando saiu “Tonight: Franz Ferdinand”, eles banharam os fãs com os maiores sucessos e de quebra mostraram alguns trabalhos novos.
O show começou com “Darts of Pleasure”, o primeiro hit da banda, de 2003. Depois, figuraram canções como “Do You Wanna”, “No You Girls” e “Take Me Out”. Foi um apanhado de seus três álbuns, mas para fugir de um possível tom nostálgico o grupo tocou faixas inéditas, entre elas “Brief Encounteurs” e “Fresh Strawberries”. O público acompanhava animado e parecia contemplar com atenção os novos trabalhos. A banda estava tão entusiasmada quanto a plateia, que espalhava pelo parque. Kapranos elogiou a beleza do local e não parou de pular e incentivar palmas durante todo o show.
Quem ficou para fora deu seu jeito e viam-se algumas cabeças penduradas do outro lado do muro. Apesar do contratempo por causa do excesso de pessoas, quem conseguiu entrar no Parque da Independência passou uma tarde agradável com um ótimo desfecho, onde o Franz Ferdinand e a plateia cantaram repetidamente e com empolgação o refrão de “This Fire”: “This fire is out of control/I’m going to burn this city/Burn this city”.