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C6 Fest: os destaques do festival, que traz shows inéditos a São Paulo

Confira entrevistas com algumas das principais atrações do evento, que mantém vivo o legado do Free Jazz e ocupa o Parque Ibirapuera neste fim de semana

Por Tomás Novaes
Atualizado em 16 Maio 2024, 14h42 - Publicado em 16 Maio 2024, 13h00

Festival com proposta única no Brasil, o C6 Fest acontece pela segunda vez no Parque Ibirapuera nesta sexta (17), sábado (18) e domingo (19).

Serão 29 shows, divididos em quatro palcos, reunindo promessas e nomes consagrados da música internacional, como Cat Power, Charles Lloyd, Daniel Caesar, Pavement e Raye, e brasileira, como Fausto Fawcett, Jaloo e Gaby Amarantos.

“O clássico e o novo” é o mote do evento, realizado pela Dueto Produções, empresa fundada pelas irmãs Sylvia (1960­1998) e Monique Gardenberg, responsável pelo Free Jazz e suas versões posteriores, como o Tim Festival.

“No cartaz, não tem letras maiores, todos os nomes estão em ordem alfabética. Isso mostra nossa concepção, de não ter uma hierarquia de popularidade, estilo ou importância”, explica Hermano Vianna, um dos curadores, ao lado de Felipe Hirsch, Pedro Albuquerque, Ronaldo Lemos e Zé Nogueira, que faleceu em abril.

“Zé e eu fazíamos basicamente a parte do jazz. O legado que fica é de alguém generoso e importante divulgador da música brasileira”, diz Pedro, filho de Paulinho Albuquerque, curador original do Free Jazz ao lado de Nogueira e Zuza Homem de Mello (1933­2020).

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Um dos recortes mais interessantes da curadoria são as apostas. A ideia é que o público possa assistir, em formato mais intimista, a shows de artistas que, em um futuro próximo, estarão se apresentando para grandes multidões.

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O público na edição de 2023: de volta ao Parque Ibirapuera (C6 Fest/Divulgação)

Em 2023, a promessa acertada foi Samara Joy, vencedora do Grammy de artista revelação naquele ano. Desta vez, um desses nomes é a cantora e compositora britânica Raye.

“Ela vai virar uma artista grande, muita gente está dizendo que ela é a nova Amy Winehouse. É uma aposta nossa, que envolve um trabalho intenso, de discussão e pesquisa”, diz o curador Ronaldo Lemos.

Nas próximas páginas, confira os destaques da programação e uma entrevista exclusiva com a artista londrina Romy. Parque Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, ☎ 5574-5045. 16 anos. Sex. (17), sáb. (18) e dom. (19). R$ 560,00 a R$ 1 440,00. c6fest.com.br.

ROMY

Com show no sábado (18), às 17h50, Romy fala sobre seu primeiro disco solo, dedicado à dance music e ao amor lésbico

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Romy, integrante do The XX que se lançou em carreira solo: show no sábado (18), às 17h50 (Vic Lentaigne/Divulgação)

Seu primeiro álbum, Mid Air (2023), foi lançado em setembro. Você vê como um novo começo de carreira?

É definitivamente um novo capítulo. Foi emocionante e estressante fazer algo tão diferente, queria sair da minha zona de conforto. Foi saudável começar de novo, mas também assustador. No geral, todo o projeto pareceu uma espécie de tentativa de exercitar mais a minha autoconfiança e me esforçar para ficar mais confortável no palco. Havia uma parte de mim que desejava fazer mais conexões, e, ao lançá-lo, consegui me conectar com muito mais pessoas.

Quão diferente é se apresentar no palco sem a sua guitarra?

Eu me apoiei nela como uma camada de segurança ao longo dos anos, e sempre fui uma performer bastante tímida. Percebi que esse álbum que eu estava fazendo seria muito dançante e, sinceramente, não pensava que algum dia seria capaz de tocá-lo ao vivo. Mas, ao longo dos anos, também como DJ, fui me sentindo mais confiante na minha dança e comecei deixar de lado a parte autoconsciente do meu cérebro. Quando fiz isso, passei a me divertir.

Qual a principal mensagem que você queria transmitir com as letras?

É uma perspectiva única e pessoal: falar abertamente sobre meu relacionamento e dar visibilidade à comunidade queer. Isso me motivou a escrever mais e ter músicas dançantes, de amor lésbico. Coisas que eu adoraria ter ouvido na adolescência, sobre orgulho e amor.

Tem planos de novos projetos com a banda The XX?

Estávamos no estúdio na semana passada, nos encontrando regularmente para escrever novas músicas. Nós agradecemos que as pessoas tenham sido pacientes, mas não queremos demorar muito mais. É emocionante estarmos juntos de novo. Você tem algum artista brasileiro favorito? Havia uma banda que eu realmente gostava quando era adolescente, CSS (Cansei de Ser Sexy). Ainda gosto muito da música deles.

FAUSTO FAWCETT

Uma mancha urbana que une São Paulo e Rio de Janeiro, repleta de ofertas intensas dos variados tipos para a população. Esse é o mote de Favelost, criação de Fausto Fawcett publicada como livro em 2012 e lançada em disco ao longo deste ano, que também é o pano de fundo de seu show no C6 Fest neste sábado (18), às 23h, na Pacubra.

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Fausto Fawcett, que faz show no sábado (18), 23h: formato baile (Ulisses Lee/Divulgação)

“No disco, queria que fosse um começo de Favelost, o que não está no livro. É a história de um casal chegando a esse lugar, em nove músicas, com diálogos entre as faixas”, explica o cantor e compositor carioca, que estará acompanhado no palco de Bianca Jhordão, Rodrigo Brandão e Paulo Beto, com projeções de Jodele Larcher e participações especiais de BNegão e Fernanda D’Umbra.

No show inédito Favelost, o Baile, o repertório passeará pela discografia de Fawcett, com faixas como Kátia Flávia, a Godiva do Irajá, Rio 40 Graus e Guindastes Evangélicos, do novo álbum. “Vai ser dançante, do princípio ao fim”, afirma.

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Projeção em ‘Favelost, o Baile’: show visual (Bia Ferrer/Divulgação)

DANIEL SANTIAGO E PEDRO MARTINS

Os primeiros artistas a subir no palco do C6 Fest neste ano serão os instrumentistas brasilienses Daniel Santiago e Pedro Martins, na sexta (17), às 19h30, no Auditório Ibirapuera.

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Daniel Santiago e Pedro Martins: show que abre o festival, na sexta (17), às 19h30, no Auditório Ibirapuera (André Maya/Divulgação)

A responsabilidade de abrir o festival está em mãos talentosas. Santiago ao violão e Martins com sua guitarra vão tocar juntos músicas do disco mais recente da dupla, Movement (2023), e também do anterior, Simbiose (2017).

“Daniel é uma referência para uma geração de instrumentistas brasileiros, e o Pedro está estourado lá fora com seu trabalho solo. Quem é louco por eles é o Eric Clapton — são os dois únicos brasileiros a participar do Crossroads, festival que ele organiza”, conta o curador Pedro Albuquerque. Os músicos participaram do evento em duas edições, 2019 e 2023.

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JALOO E GABY AMARANTOS

A música nortista estará representada por Jaloo e Gaby Amarantos, que sobem ao palco da Tenda Metlife no sábado (18), às 16h30.

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Jaloo e Gaby Amarantos: show no sábado (18), às 16h30 (Caia Ramalho/Rodolfo Magalhães/Divulgação)

No repertório, sucessos das artistas paraenses, com a mescla pop, indie e eletrônica de Jaloo, e o tecnobrega de Amarantos. A relação musical das duas vem de antes, com lançamentos em duo e Jaloo assinando a produção do segundo disco da parceira, Purakê (2021).

“Artistas do Norte não estão no circuito de shows. Penso que é ignorância das curadorias, que não prestam atenção”, diz Jaloo, 36. “A gente não quer estar nos festivais como cota, sabe? Precisamos estar em presença massiva, porque é sobre música brasileira”, completa Amarantos.

CAT POWER

O show de Cat Power, 52, que acontece no domingo (19), às 18h05, é daqueles imperdíveis. Inédita no Brasil, a apresentação é um tributo ao The Royal Albert Hall 1966 Concert, do compositor americano Bob Dylan.

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Chan Marshall, ou Cat Power: show no Brasil em tributo a Bob Dylan (Inez & Vinoodh/Divulgação)

O repertório original será tocado na íntegra, com sua primeira metade acústica e a segunda parte elétrica, com a entrada da banda. “Dylan criou o meu trabalho e me apresentou à música. E me ensinou que o que mais importava era o que ele dizia, a sua escrita”, disse a artista americana, em entrevista à Vejinha.

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“Ela veio para o Brasil no Tim Festival, já tínhamos uma boa relação. Eu não acreditava que seria possível trazer esse show porque, quando a convidamos, ela só tinha se apresentado no Royal Albert Hall, no Carnegie Hall, em palcos emblemáticos. É um show importante historicamente, que o público brasileiro vai ter oportunidade de ver”, conta o curador Hermano Vianna.

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A capa do disco ‘Cat Power Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert’ (2023): gravado ao vivo em Londres, em 2022 (Reprodução/Reprodução)

“Já faz muito tempo que não toco em um festival, e eu não tinha certeza se conseguiria fazer essa turnê, por isso lancei o disco. Mas as pessoas começaram a pedir para tocar em Taiwan, Argentina, Canadá, Tel Aviv… Fiquei muito grata”, explicou a cantora.

NOAH CYRUS

Noah Cyrus, 24, é um dos nomes inéditos que tocará nesta edição do festival — no domingo (19), às 16h35 —, apesar de já ter visitado o país.

“Me lembro de ir, quando criança, com a minha família. Pode ter sido para um dos shows da minha irmã. Estou muito animada, vim me preparando e pedindo isso há muito tempo”, disse a cantora.

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Noah Cyrus, com seu primeiro show no Brasil: no domingo (19), às 16h35 (Amaury Nessaibia/Divulgação)

Sua irmã, no caso, é Miley Cyrus, e seu pai, o cantor Billy Ray Cyrus. É de família o amor pelo country, que aparece como influência nas composições folk-pop de Noah.

“Para mim, folk e country representam a minha essência. E meus últimos trabalhos definitivamente partem mais disso”, diz. Depois do EP The End of Everything (2020), Noah lançou seu primeiro disco, The Hardest Part (2022), em que mantém a mesma assinatura musical, mas com letras que descrevem dores pessoais mais densas.

“Nesse disco eu falo de vício, término, perda, ansiedades profundas e depressão. Eram muitas coisas íntimas e pesadas para dizer, e nisso vi quantas pessoas se identificaram. Se eu nunca fiz algo certo antes, fiz agora: criei algo que realmente tocou as pessoas”, conta a artista.

BAILE CASSIANO

Um dos shows mais especiais do festival será o Baile Cassiano, no domingo (19), às 17h30, uma homenagem ao músico paraibano Genival Cassiano dos Santos (1943-2021), ou simplesmente Cassiano, grande referência do soul brasileiro.

A apresentação foi idealizada pelo produtor paulistano Daniel Ganjaman (foto), 46, que assina os arranjos que serão cantados por Liniker, Negra Li, Preta Gil, Fran Gil e Luccas Carlos.

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O produtor paulistano Daniel Ganjaman: idealizador do ‘Baile Cassiano’ (Alexandre Gennari/Divulgação)

“A primeira premissa foi não trazer contemporâneos dele. Pensei que seria interessante fazer essa transposição, com nomes da minha geração e da nova. E a segunda coisa que pensei foi ter artistas que cantam muito e se garantem na interpretação”, explica o músico, que também estará no palco, com grande banda.

No repertório, podemos esperar alguns dos maiores sucessos do homenageado, como A Lua e Eu e Coleção, além de pérolas menos conhecidas, como Não Vou Chorar, gravada pela banda Os Diagonais.

Publicado em VEJA São Paulo de 17 de maio de 2024, edição nº 2893

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