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Agnes Nunes sobre novo EP, Lollapalooza e política: “Acredito na mudança”

Um papo com a cantora baiana, que faz shows no Blue Note e fala do seu restaurante favorito em São Paulo e as músicas que não para de escutar

Por Tomás Novaes
1 out 2025, 08h00
Agnes Nunes em São Paulo: duas sessões no Blue Note, nesta quinta-feira (2)
Agnes Nunes em São Paulo: duas sessões no Blue Note, nesta quinta-feira (2) (Vanessa Bumbeers/Netflix/Divulgação)
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Prestes a fazer dois shows na mesma noite de quinta-feira (2) em São Paulo, no Blue Note, a jovem cantora e compositora Agnes Nunes vive um novo momento na carreira.

Uma das vozes emergentes mais requisitadas da música brasileira — que já gravou e dividiu palco com nomes como Elza Soares (1930-2022), Seu Jorge, Caetano Veloso, Fábio Jr., Elba Ramalho, Chico César, Sandy, Ivete Sangalo, Xamã e Tiago Iorc , a baiana de timbre doce e sotaque apaixonante prepara o lançamento de um novo EP ainda este ano, com versões e faixas autorais. Ela também está confirmada no line-up do Lollapalooza 2026.

Nascida em Feira de Santana e criada na Paraíba, a artista começou a se destacar na internet com sua voz ainda em 2018. Em 2019, emplacou seus primeiros hits, com Vê Se Não Demora e Pode Se Achegar. Não muito tempo depois, em setembro de 2020, a cantora já dividia o microfone com Elza Soares e Seu Jorge em uma live especial durante a pandemia.

Em 2022 veio o seu primeiro disco, Menina Mulher. A sequência foi lançada em 2024, O Amor e suas Variáveis, aprofundando a sua mistura de MPB com R&B. Nos shows na capital paulista, podem ser esperadas músicas de ambos os projetos. Confira a entrevista com Agnes a seguir.

A capa do disco 'Menina Mulher' (2022): álbum de estreia de Agnes Nunes
A capa do disco ‘Menina Mulher’ (2022): álbum de estreia de Agnes Nunes (Divulgação/Divulgação)

O que você vai cantar no Blue Note?

Para essas duas sessões eu preparei as canções autorais do Amor e Suas Variáveis, que é o meu último álbum lançado, e também do Menina Mulher. E estou levando algumas interpretações. Sempre gostei muito e acho que a interpretação tem um poder muito bonito. Terão várias versões que gosto de fazer, e que fazem sentido estar ali.

Essa turnê se chama Menina Mulher, que é o nome do seu disco de estreia, de 2022. O que esse título significa para você, nessa fase da sua vida, aos 20 e poucos anos?

Conversa comigo de várias formas, é um disco que me acompanhou durante o meu crescimento. Sempre quis que a minha música fosse atemporal, que daqui dez ou quinze anos as pessoas ouvissem e se emocionassem como a primeira vez. Acho que vou ser para sempre uma menina mulher, a minha alma de menina está aqui, de exploradora e curiosa, até com uma certa ingenuidade, a pureza para algumas coisas. E a sagacidade da mulher para outras, para amadurecer nas letras e profissionalmente.

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Você tem as suas composições e também as interpretações, como os seus lançamentos mais recentes, A Lua Girou, de Milton Nascimento, e As Rosas Não Falam, de Cartola. O seu desejo é ser mais reconhecida pelas suas músicas autorais?

Com certeza, mas eu não me limito. Gosto muito de interpretar e também de escrever minhas próprias músicas. Ultimamente tenho descoberto a magia de se encontrar com outros artistas para compor. Quando faço uma interpretação, para além de ser uma música que faz parte da minha vida, é uma forma de reverenciar quem abriu alas para estarmos aqui. Respeitando o arranjo, a métrica. Para mim as duas coisas fazem sentido e se complementam. Lá na frente não vejo mais uma coisa sobressaindo a outra.

Quando você divide o palco com grandes da música brasileira, como aconteceu com o Fábio Jr., no Prêmio da Música Brasileira, em junho, você fica nervosa?

Eu fico. O que ameniza é que a gente se encontra antes. Que nem foi com o Fábio, e todos esses mestres que eu tive a honra de estar perto. Até hoje nem acredito que tive a oportunidade de cantar com Elza Soares. Com ela fiquei nervosa, tinha 17 anos. Eu só sabia chorar. É natural, quando você vai encontrar uma pessoa que você gosta e admira muito, ficar nervoso. No palco fico nervosa sim. Enfim, estou sempre nervosa (risos).

A música começou como um refúgio para você, com o seu tecladinho. Como isso te ajudou no começo?

A música sempre foi a minha válvula de escape, porque, quando era criança, a minha mãe precisou estudar, então fui criada também pela minha avó. Com ela eu escutava forró pé-de-serra, as músicas mais sertanejas, fui criada no sertão da Paraíba. Lembro quando a minha mãe chegou com um CD do Caetano Veloso, ela trazia essas outras influências, como Elza Soares e Gilberto Gil. Sempre tive a música como minha principal forma de colocar para fora o meu sentimento. A infância escolar foi um período em que a arte se fez muito presente, porque eu sofria muito racismo e bullying. A vida normal, entre aspas, de uma criança negra, principalmente no interior do país. As crianças não queriam ficar e brincar comigo, eu ficava muito sozinha. E cantando. Quando chegava em casa, colocava na televisão: “Karaokê, versão piano, Gilberto Gil, Estrela“, e fingia que estava tocando. No Dia das Crianças a minha mãe me deu um teclado, e assim comecei a ficar horas aprendendo as músicas que eu gostava. Virou o meu melhor amigo.

Você foi para o Rio de Janeiro muito nova, com 17 anos. Como sua mãe e sua avó lidaram com isso?

Elas ficaram apavoradas. Na época a minha irmã tinha só 2 anos, e eu não podia ir sozinha, porque eram detalhes de contrato, e minha mãe também queria ir comigo. Minha avó maravilhosa ficou com a minha irmã, e fomos para o Rio. Lá a minha mãe falou: “Você quer vir?”. Eu disse: “Mãe, eu quero”. Ela disse que eu precisava terminar a escola, e depois poderia ir. Pronto, terminei os estudos e fui para o mundo. Mas coitada, ela ficou apavorada, acho que fica até hoje (risos).

“Gosto de cantar as minhas músicas, aquelas que me fazem chorar, que me lembram de casa, que me fazem sentir apaixonada, gostosa, triste, feliz, maravilhosa”

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O que você pode falar sobre novidades na sua carreira?

Estamos com muitos projetos, muita coisa na cabeça. Mudei de escritório recentemente (sua carreira é gerida agora pela Lupa+), isso acabou influenciando de uma forma muito positiva, estou escrevendo coisas que eu sempre quis e antes não tinha oportunidade. É um novo momento na minha carreira. E estou muito feliz de me conectar ainda mais com os artistas da nova MPB. Vai ter um EP esse ano. Vão ter releituras e músicas minhas também. E ano que vem vai ter álbum.

Em março você estará no Lollapalooza Brasil 2026. O que você está preparando?

Vai ser mais um momento muito especial. Para mim significa muita representatividade, principalmente para os artistas lá do Nordeste, que estão na luta. Estou muito honrada de estar nesse palco, muito feliz. E terão músicas novas no repertório.

Agnes, você participou do ato do último dia 21 em São Paulo, contra a PEC da Blindagem e o projeto da anistia. Para você, é importante os artistas se posicionarem em momentos como esse?

O ato foi incrível. Ver a força do povo, não tem preço, e a gente ganhou. Foi muito bonito de ver, fui eu e a minha amiga Ebony, uma rapper maravilhosa. Fomos representar a música negra jovem, foi especial. É importante a gente apoiar as causas do nosso país e de alguma forma participar do futuro, para que, quando os nossos filhos e netos chegarem, esteja melhor do que está. A gente é jovem, conseguimos chamar e  influenciar a galera a pensar diferente. Eu acredito na mudança. Senti um pouco de falta da juventude na rua, mas isso tende a mudar com o passar do tempo. Com cada vez mais vozes como eu, a Ebony, a Marina Sena, o Zé Ibarra. Fico muito feliz de ser uma pequena parcela nessa mudança do nosso país.

Qual a sua visão, sendo uma artista jovem, sobre esse momento do mercado da música, com artistas dependendo muito das redes sociais e dos algoritmos para serem ouvidos?

Sou o terror da minha equipe nessa parte, sou muito low profile. Se não for trabalho ou um vídeo que o meu coração pede para postar, não consigo. É necessário um equilíbrio. Não vou mentir, gosto de dinheiro, faço as minhas publicidades. Quem não gosta? Quem já não teve, tem medo da escassez. Eu vi a Taís Araújo falando isso esses dias, é verdade. Eu faço sim publicidade, gosto do dinheiro das minhas “publis”, que acontecem por consequência da minha música. Mas eu não diria que sou escrava dos algoritmos, de jeito nenhum. É aí que está o erro. Gosto de cantar as minhas músicas, aquelas que me fazem chorar, que me lembram de casa, que me fazem sentir apaixonada, gostosa, triste, feliz, maravilhosa. Posto na esperança que outras pessoas vão ter empatia pelo que estou cantando e vão sentir a mesma coisa.

Você tem um restaurante favorito em São Paulo?

Tenho um restaurante que está no meu coração desde que eu cheguei. É um lugar em que vou sozinha, chama Jesuíno Brilhante. Comida nordestina de verdade. Tomo minha cajuína, como meu arroz com leite, meu cuscuzinho, minha carne de sol.

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O que mais você gosta de fazer na cidade?

Gosto muito de ver show no Bona Casa de Música, ou de assistir espetáculos no Teatro Renault. Não sou muito da festona, sabe? Gosto de sair ao teatro, ver um show, beber alguma coisinha em casa. E, pela primeira vez, vou morar sozinha aqui. Estou me mudando hoje. Estou me sentindo super maravilhosa, é um conquista muito importante, ter o seu próprio apartamento em São Paulo, uma cidade com um custo de vida alto. Estou orgulhosa e animada pelas próximas etapas.

Agnes, para fechar, tem alguma música que está no seu repeat nos últimos tempos?

Estou escutando muito Brilho de Beleza, de Gal Costa, e aquela Maria Bethânia, de Caetano Veloso.

E algum artista que você gosta e pensa que as pessoas deveriam conhecer?

Admiro muito o Tom Ribeira, ele faz parte dessa cena da nova MPB, a musicalidade dele é incrível.

18 anos. Blue Note São Paulo. Avenida Paulista, 2073, 2o andar. Qui. (2), 20h e 22h30. R$ 160,00 a R$ 247,80. eventim.com.br.

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