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Adriana Calcanhotto apresenta série de shows inéditos no Blue Note

A cantora e compositora gaúcha sobe ao palco com o espetáculo 'Ultramar', e participa do videocast 'Conversas Musicais', projeto de Vejinhas

Por Tomás Novaes
6 ago 2024, 19h43
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Adriana Calcanhotto, 58: série de shows especiais no Blue Note (Leo Aversa/Divulgação)
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Em meio à turnê do seu disco mais recente, Errante (2023), Adriana Calcanhotto, 58, não resistiu ao convite de, ao longo deste mês, encarar uma série de shows no formato voz e violão nas unidades carioca e paulistana do Blue Note.

Ultramar é o nome da temporada inédita, que acontece em todas as semanas deste mês, às terças (6, 13, 20 e 27) em São Paulo e às quintas (8, 15, 22 e 29) no Rio de Janeiro. Em cada noite, serão duas sessões, a primeira às 20h e a segunda às 22h30. No total, Calcanhotto subirá sozinha ao palco dezesseis vezes, acompanhada somente de seu aliado de seis cordas.

“Achei tentador”, disse a cantora e compositora gaúcha, em entrevista à Vejinha. Para ela, a melhor parte disso tudo é a reaproximação com o seu instrumento musical, que também é sua principal ferramenta de composição. “Estou em turnê com banda, e, quando faço esse formato, não faço voz e violão. Nunca apresento ambos ao mesmo tempo. Mas, dessa vez, fiquei balançada. Estava bastante afastada do violão, porque, nesses shows, não estou tocando”, explica a artista.

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Algumas sessões em ambas as cidades estão esgotadas. “Esse convite foi muito bom, porque antecipou a minha volta ao instrumento, e, fatalmente, é assim que retornam as safras de canções novas, o que não acontecia há muito tempo”, diz.

Esse espetáculo criado do zero é um desvio no percurso do seu último álbum, cuja turnê de lançamento começou no ano passado e deve seguir até dezembro. Em 2025, Adriana volta a dar aulas de composição na Universidade de Coimbra, em Portugal, país que é a sua segunda casa desde 2017.

“Estarei lá de fevereiro a junho”, diz a artista, que teve a rotina acadêmica interrompida pela pandemia. A relação com o país europeu inspirou o título do novo show.

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“Ultramar é um nome que eu acho muito bonito e sonoro. Tem a ver com a cor, o azul ultramarino, e também com esse tabu, em Portugal, relativo às colônias ultramarinas. Fiquei pensando que, como brasileira, do ponto de vista lusitano, querendo ou não, tenho essa condição ultramarina”, diz.

Antes do primeiro show, realizado na última terça-feira, na capital paulista, a compositora gravou o segundo episódio do videocast Conversas Musicais, projeto em parceria entre as Vejinhas (São Paulo e Rio), o Blue Note e Degustasom — curadoria que leva música de qualidade a estabelecimentos —, criado pelo pesquisador musical Zé Marcio Alemany, que apresenta o programa.

O episódio de estreia, com Vinicius Cantuaria e Dadi Carvalho, pode ser conferido nos canais de VEJA e de VEJA SÃO PAULO no YouTube. A série reúne talentos brasileiros em uma mistura de bate-papo com performances musicais, e cada programa pauta shows com os entrevistados em ambas as unidades do Blue Note.

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No repertório das apresentações de Adriana, podem ser esperadas faixas do último álbum, como Horário de Verão, pérolas da sua carreira, como A Flor Encarnada, gravada por Maria Bethânia em seu álbum Noturno (2021), e outros grandes sucessos, como Vambora.

Também estão previstas raridades, como a faixa inédita Todo Sentido, lançada na edição japonesa de Errante. “Essa era uma das faixas da safra do álbum, e, para o lançamento no Japão, precisava de duas músicas bônus. Vou tocar outras canções que não toco há muito tempo e gosto muito, como Maritmo. Por essa distância no tempo, essas músicas ganham novos sentidos, diferentes formas de tocar”, conta.

A canção citada por ela dá nome ao primeiro disco de sua “trilogia dos mares”, Maritmo (1998), Maré (2008) e Margem (2019), seus três trabalhos que versam sobre o tema.

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Radicada no Rio de Janeiro, Adriana nasceu e começou sua carreira em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estado abatido por grandes enchentes no primeiro semestre. “Na minha família, as pessoas não foram afetadas fisicamente, mas ficaram abaladas. Foram muitas histórias tristes, e a gente fez o que estava a nosso alcance. Vimos histórias também muito bonitas de superação. Se não existir uma ideia de educação ambiental, a gente não vai vencer essas questões”, comenta a compositora.

Sobre novos lançamentos, Adriana ainda não consegue antever o que resultará do seu reencontro com as cordas do violão. “Um mês inteiro tocando, eu não posso prever o que virá, porque é sempre surpreendente… estou animada com isso, acredito que vão aparecer canções”, diz.

No dia 6 de setembro, a cantora retorna à capital paulista com outro show especial: no Coala Festival, subirá ao palco com Arnaldo Antunes para um duo inédito.

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“Nós já fizemos projetos juntos, com Augusto de Campos, coisas mais alternativas, outras mais poéticas, mais teatrais… mas nunca nos apresentamos juntos em um festival grande. Então vamos inventar algo para isso, estamos conversando para escolher exatamente as canções”, adianta a artista. Assim como as sessões de Ultramar, de certo será uma noite especial. ■

Blue Note São Paulo. Avenida Paulista, 2073, 2o andar. Ter. (6, 13, 20 e 27), 20h e 22h30. R$ 200,00 a R$ 320,00. 18 anos. bluenotesp.com.

Publicado em VEJA São Paulo de 9 de agosto de 2024, edição nº 2904

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