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5 perguntas para Filipe Ret: “O maior protocolo na música é a atitude”

Confira a entrevista com o rapper carioca, que traz a turnê 'FRXV' pela primeira vez a São Paulo no dia 14 e se apresenta duas vezes no Rock in Rio

Por Tomás Novaes
2 set 2024, 16h28
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Filipe Ret em São Paulo: show da turnê FRXV (Steff Lima/Divulgação)
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Filipe Ret, 39, traz a turnê FRXV pela primeira vez a São Paulo no dia 14, no Espaço Unimed.

Neste mês, acontece outra estreia importante para o rapper carioca: o Rock in Rio. No dia 19, o artista se apresenta no Palco Sunset e, no dia 21, no Palco Mundo, no show coletivo Pra Sempre Trap.

Um dos nomes mais ouvidos do rap e trap nacionais, Ret vem celebrando os seus quinze anos de carreira desde o final de 2023, quando lançou o DVD da turnê atual.

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O rapper carioca: quinze anos de carreira (Steff Lima/Divulgação)

O rapper começou a sua trajetória musical em batalhas de MC’s no Rio de Janeiro, no início dos anos 2000, e lançou o seu primeiro disco em 2009, Numa Margem Distante.

Desde então, emplacou hits nacionais como Neurótico de Guerra, Invicto, Corte Americano e Good Vibe, transitando ao longo dos anos para o trap. O show em São Paulo contará com todos esses hits restam poucos ingressos.

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5 perguntas para Filipe Ret

Qual a diferença de estrutura desta turnê para as suas anteriores?

É difícil quantificar, quase tudo mudou. Desde o programa que usamos para soltar o som e as luzes, as estruturas e até os arranjos. A gente não para de evoluir o show, no camarim nós já batemos o que pode melhorar. O show FRXV em São Paulo vai ser mais arredondado do que o próprio DVD. Esse espetáculo novo tem uma qualidade musical mais abrangente, tenho uma versatilidade nos meus lançamentos que nós conseguimos transmitir no palco. As luzes, os metais, o coro, o cenário, é tudo diferente. Fui um dos primeiros dessa geração a trazer uma banda, estou vendo os moleques agora mais interessados nessa musicalidade. Tem que ousar, não pode ter medo, tem que ir criando. O processo é muito artesanal, é como fazer uma pintura, uma escultura. Cada música é talhada, estou sempre ouvindo a minha equipe, nossa direção musical é muito coletiva. Temos quase uma obrigação moral de fazer essa entrega diferenciada, são quinze anos, os fãs participaram dessa história e hoje merecem algo diferente.

Por que você acha importante ter uma banda nos seus shows?

Lembro de ver o Chorão (vocalista do Charlie Brown Jr., morto em 2013) cantando na televisão, segurando o microfone, gritando. Falei: “Eu também posso ter uma banda e cantar assim”. O maior protocolo na música é a atitude. Isso é mais forte do que ter a voz perfeita. O que sempre ditou os grandes movimentos da música foram as atitudes.

Como está a expectativa para a sua grande estreia no Rock in Rio?

Sonho em tocar no Rock in Rio há muitos anos. Quando era mais novo, não imaginava que tocaria no Circo Voador, na Lapa. Então você imagina o Rock in Rio, que eu sempre assisti na televisão. Meu pai sempre sonhou também em me ver lá. Teve uma fase que eu até tinha desistido, mas acho que a cena como um todo conseguiu alcançar esse lugar, o que é fundamental para colocar o rap e o trap onde eles merecem. A minha caminhada é muito honesta e digna, vieram várias propostas para pular etapas, mas não é isso, não é dinheiro. Foram muitas intuições e desafios enfrentados para conquistar esse lugar. É mais uma vitória, que amarra toda a nossa história. Estar em um palco interessante, diverso, em um dia pop (no Rock in Rio, também se apresentam nomes como Ed Sheeran e Charlie Puth, no dia 19). Gosto muito da ideia de ser um cantor popular, isso me deixa feliz.

Você já disse que “o trap é a evolução do rap”. Qual a sua visão sobre esses dois gêneros?

Interessante essa pergunta. Acho que o trap está sendo uma evolução do rap mais clássico, do boom bap orgânico. O trap evoluiu para o 808 (modelo icônico de drum machine da marca Roland), essa linhagem de timbre que era muito usada no funk antigo, que eu chamo de rap carioca, de MC Marcinho, Mr. Catra, MC Sapão, Claudinho & Buchecha. As portas se abriram para se usar mais melodias, dizer mais coisas. Em certa época, era só o orgânico que as pessoas ouviam, não tinha muita timbragem, muita melodia. Isso tudo foi ampliado, apesar de agora todo mundo usar muito o 808. São ondas mercadológicas e criativas, faz parte do processo. O trap conseguiu trazer uma liberdade maior.

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Como você olha para os seus quinze anos de carreira? Qual a importância desse marco?

Comecei a tocar em rodas de rima, meus primeiros palcos foram bancos de praça, com ônibus passando no fundo, vendendo meu disco de mão em mão. Depois, as favelas me abraçaram. Não existia esse circuito de shows de rap em comunidades no Rio de Janeiro durante muitos anos, quem tocava nas favelas eram Racionais MC’s e Filipe Ret. A caminhada ser de baixo para cima faz toda a diferença, na percepção artística e na conduta da carreira. Não é aquela coisa de o cara canta bem, a gravadora vem e coloca um monte de dinheiro. Dessa geração, fui o primeiro a trazer o modelo de selo independente, com a TUDUBOM. Recebo muitas mensagens de pessoas dizendo que me acompanham há muitos anos, quase como se eu tivesse feito parte da educação delas. Existem visões, dentro das músicas, que são muito poderosas e transformadoras. Assim como Racionais, Gabriel O Pensador, MV Bill e Marcelo D2 me transformaram também, com frases que mudaram a minha vida. Hoje sei que uma geração foi alimentada pelas minhas atitudes, e busco refletir na minha conduta pessoal tudo que eu canto. Não posso chegar agora e botar tudo a perder, me levar para as drogas. Preciso continuar, deixar isso maior, transmitir uma mensagem a longo prazo. É quase uma transferência de fé.

18 anos. Espaço Unimed. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda, ☎ 3868-5860. Sáb. (14), 23h. R$ 192,00. espaçounimed.com.br.

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