Show de Beyoncé na Netflix é espetacular, mas há uma derrapada feia
As duas apresentações da diva pop no Festival Coachella estão em Homecoming, que inclui cenas de bastidores e ensaios
Beyoncé não está na minha playlist, mas sempre a admirei, tanto quanto artista ou como pessoa. Não fui, portanto, com muita sede ao pote para ver Homecoming, novidade da Netflix, embora tenha escutado muitos elogios. E confesso que me surpreendi. A mulher é, mesmo, uma diva pop, capaz de te hipnotizar com a voz e as coreografias.
Se você desconhece o trabalho de Beyoncé, recomendo que veja o show que ela fez no Festival Coachella de 2018. Tem mais de duas horas, mas não se nota o tempo passar. Ele é furacão no palco, acompanhada de dançarinos e uma orquestra, muito bem disposta numa arquibancada. Como foram duas apresentações, a montagem faz um mix dos figurinos de ambas – e é tão sutil que nem se nota a edição de imagens. Em determinado momento, ela está vestida de amarelo e, numa virada de corpo, há a troca para uma roupa rosa, tudo imperceptível.
As câmeras são muito bem posicionadas, tanto que há uma especialmente colada na boca do palco – e é impossível não se sentir entre os fãs da plateia. Mas Homecoming, que tem roteiro e direção da estrela, não fica por aí. Há cenas de bastidores, incluindo os poucos meses que a cantora precisou para entrar em forma após ter sido mãe de gêmeos.
No palco, tomado de cantores e dançarinos, todos negros, há uma celebração à cultura afro-americana. Ela, inclusive, deixa claro que foi a primeira mulher negra como a atração principal do hypado Coachella e mostra seu ativismo em grande parte das trinta canções. E é aí que eu notei uma derrapada feia da Netflix brasileira. As letras das músicas, com alto teor de diversidade, empoderamento e feminismo, não têm tradução. Ou seja: o embalo é ótimo, a realização do espetáculo tem um nível altíssimo, mas, infelizmente, pouco entendi o que Beyoncé cantou.
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