Rodrigo Teixeira conta como foi ser produtor do filme americano Frances Ha
Carioca radicado em São Paulo, Rodrigo Teixeira, 36 anos, já produziu filmes badalados, como O Casamento de Romeu e Julieta (de Bruno Barreto) e O Cheiro do Ralo (de Heitor Dhalia). Seu nome vem à tona agora como produtor da fita americana Frances Ha, dirigida por Noah Baumbach, que é o meu número 1 entre os […]
Carioca radicado em São Paulo, Rodrigo Teixeira, 36 anos, já produziu filmes badalados, como O Casamento de Romeu e Julieta (de Bruno Barreto) e O Cheiro do Ralo (de Heitor Dhalia). Seu nome vem à tona agora como produtor da fita americana Frances Ha, dirigida por Noah Baumbach, que é o meu número 1 entre os melhores filmes em cartaz.
Por que a escolha de Noah Baumbach?
Conheço o trabalho dele há algum tempo e sou fã de seus filmes, especialmente de A Lula e a Baleia, de 2005. Uma vez discutindo projetos com nossos agentes, que são da mesma agência, eles mencionaram um projeto pessoal e secreto do Noah. Um longa-metragem estrelado pela Greta Gerwig, que acabou sendo roteirista junto de Noah. O diretor nos ofereceu, fizemos uma reunião e topamos produzir Frances Ha.
Qual foi sua participação efetiva no filme?
Frances Ha foi todo bancado pela RT Features (produtora de Teixeira), através de fundos próprios e de investidores privados, que são nossos parceiros. Noah e Scott Rudin (de A Rede Social e Onde os Fracos Não Tem Vez) foram coprodutores. Para os padrões americanos, o orçamento foi considerado baixo.
Rolou ciumeira entre os cineastas brasileiros por você ter produzido o filme de um estrangeiro?
De jeito nenhum, muito pelo contrário. As pessoas ficaram curiosas para entender como era o processo, já que foi a primeira vez que um brasileiro produziu e financiou 100% de um filme em Hollywood.
Qual foi a principal razão de ter produzido Frances Ha?
Em um primeiro momento, foi se aproximar de um diretor tão talentoso como o Noah. Mas, claro, antes de fechar o contrato, olhamos os números e as perspectivas de retorno financeiro.
Como era o clima durante as filmagens, sobretudo porque Noah e Greta são namorados?
Foi um processo bem livre, no qual o próprio Noah ditava o ritmo. Em alguns dias, ele filmava somente meio período; em outros, o dia todo. A equipe era minúscula, tinha sete pessoas. Acredito muito nesse tipo de configuração de produção, que permite maior liberdade artística. Veja o resultado na tela! Noah e Greta são extremamente profissionais e se entregaram para o filme. Claro, sempre há uma intimidade maior no caso deles, mas acredito que a relação só veio a somar.
O que achou da protagonista Greta Gerwig, uma atriz que está sendo sondada por vários cineastas?
Ela é fantástica, inteligente, sensível, gentil e, com certeza, terá uma longuíssima e premiada carreira. Espero poder trabalhar com ela novamente.
Embora elogiado pela crítica, Frances Ha não faturou prêmios em festivais…
Em Berlim, ele passou numa seção paralela (a Panorama) e nunca tivemos expectativas com relação a prêmios. Mas temos o Oscar, o Independent Spirit Awards e Globo de Ouro cujas indicações saem no fim de 2013 e começo de 2014. Quem sabe não somos surpreendidos no caminho?
Frances Ha vai estrear em apenas quatro salas em São Paulo, por exemplo. Por que não um circuito maior?
Conhecemos nosso filme e não vamos tentar competir com um blockbuster. O boca a boca tem sido fantástico. Todos que viram nas pré-estreias amaram. Sabemos que não há nada melhor do que isso para a carreira comercial de um filme.
Você ainda tem dois filmes nacionais prontos: O Gorila, do José Eduardo Belmonte, e Quando Eu Era Vivo, do Marco Dutra. Quando serão lançados?
As datas ainda não estão 100% fechadas, mas a estreia será no primeiro trimestre de 2014.
Como vê o panorama atual do cinema nacional, com filmes alternativos sendo praticamente ignorados pelo público, e comédias populares fazendo grande sucesso nas bilheterias?
É uma situação complexa, afinal o público vai ver o que quiser. As comédias estão passando por um momento incrível e isso é ótimo! Mas creio que exista espaço para todos. Basta uma boa estratégia de divulgação e inteligência na distribuição. As plataformas para lançamento de filmes não param de aumentar, vide iTunes, Netflix etc.
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