Cinema: drama colombiano Monos é destaque entre as nove estreias
As salas ainda recebem o brasileiro Boca de Ouro e um filme com Glenn Close e Amy Adams, que será lançado na Netflix
Nove filmes chegam aos cinemas nesta quinta (12), mas nenhum é uma grande produção hollywoodiana. Há tramas de terror, quatro produções brasileiras e um longa-metragem que, antes de chegar à Netflix, é lançado nas salas. Confira abaixo os títulos que eu assisti com as cotações.
(três estrelas) Monos — Entre o Céu e o Inferno > No alto de uma montanha de um país sul-americano, oito adolescentes recebem treinamento militar de uma indefinida organização terrorista. Isolados e com regras a cumprir, eles têm de vigiar uma engenheira americana (Julianne Nicholson) que foi sequestrada. A morte de um animal e o consequente suicídio de um colega vão, porém, mudar o destino deles. Diretor e roteirista, Alejandro Landes se inspirou no livro O Senhor das Moscas, de William Golding, para compor seu impactante registro (embora não declarado) sobre militantes das Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Em resumo, trata-se da inexperiência de rapazes e moças, perdidos entre o despertar da sexualidade e a rebeldia na luta armada. Com a maioria de atores não profissionais, o realizador faz uma imersão nas florestas tropicais (emulando Apocalypse Now) para exemplificar o amadurecimento de jovens em meio à violência brutal e primitiva — daí o monos (macacos) do título, como o grupo é chamado.
(duas estrelas) Quarto 212 > Com uma carreira irregular, o diretor francês Christophe Honoré, depois do profundo Conquistar, Amar e Viver Intensamente (2018), retorna com um trabalho morno. Chiara Mastroianni interpreta Maria, uma professora universitária que, casada com Richard (Benjamin Biolay), trai o marido com um aluno. Quando ele descobre a infidelidade, há uma ruptura. Maria sai de casa e se instala num hotel em frente ao apartamento do casal. No quarto 212, ela depara com Richard jovem (papel de Vincent Lacoste) e, juntos, vão relembrar as dores e as delícias do passado. É boa a ideia do realizador em brincar com o tempo e, sobretudo, em trazer uma reflexão sobre o esgarçar da longa vida conjugal. Mas, em sua fantasia cômica, Honoré estica a piada única e, sem saber lidar com o humor, patina em situações tolas e repetitivas.
(três estrelas) Boca de Ouro > Sempre é bom revisitar Nelson Rodrigues e o diretor Daniel Filho o faz com reverência, talento e sem trair a peça original nessa terceira adaptação para o cinema. No papel-título, Marcos Palmeira é o bicheiro de Madureira que foi assassinado e, para investigar o crime, o repórter Caveirinha (Silvio Guindane) vai atrás de dona Guigui (Malu Mader), ex-amante do Boca de Ouro. Em pouco mais de noventa minutos, o roteiro mostra três versões do envolvimento do bandido com o casal Leleco (Thiago rodrigues) e Celeste (Lorena Comparato). O elenco afinado parece se deliciar com o texto rodriguiano e, a cada reviravolta na história, eles precisam mudar de personalidade, o que só enriquece as atuações.
(duas estrelas) A Febre > As maiores qualidades são o elenco, majoritariamente de origem indígena, e a locação em Manaus, cidade pouco vista no cinema brasileiro. É no porto da capital do Amazonas que trabalha Justino (Regis Myrupu), um índio que deixou sua aldeia, perdeu a esposa e vive com a filha, Vanessa (rosa Peixoto), enfermeira de um posto de saúde que passou numa faculdade de medicina em Brasília. Como o pai vem apresentando sintomas febris, ela ainda não sabe se vai deixá-lo. Em grande parte falado numa língua nativa, o filme mostra a (não) adaptação do índio à metrópole, seja na figura dos filhos, já inseridos na sociedade, seja na dos veteranos, que sofrem o preconceito do “homem branco”. É nos detalhes que A Febre mostra seu valor. Como um todo, porém, o ritmo vagaroso retarda conflitos essenciais. Lançamento simultâneo nas plataformas digitais de aluguel.
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Outros lançamentos (clique no título do filme para ler a sinopse).
O 3º andar – Terror na rua Malasana
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