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“Babenco”, o filme brasileiro indicado ao Oscar

A atriz Bárbara Paz realiza em seu longa-metragem de estreia uma obra-prima vencedora do Leão de Ouro

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
27 nov 2020, 06h00

São poucos os cineastas que, em seu longa-metragem de estreia, conseguem fazer uma obra-prima. A atriz Bárbara Paz, com dedicação ímpar, realiza o feito em Babenco — Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, premiado com o Leão de Ouro de melhor documentário no Festival de Veneza 2019 e escolhido pelo Brasil para concorrer a uma vaga na categoria de melhor filme internacional no Oscar 2021.

Bárbara viveu com o diretor Hector Babenco de 2007 até a morte do cineasta, em 2016, aos 70 anos. Seu registro é, além de uma declaração de amor ao amado, um baú de recordações dela e do próprio Babenco — e é muito simbólico que, em certo momento do filme, Barbra Streisand apareça na cerimônia do Oscar de 1986 cantarolando Memory. Trata-se, aqui, justamente de memórias, porém não desalinhavadas de forma linear ou convencional.

Rodado em preto e branco, o documentário faz uma excelente colagem dos momentos de Babenco no cinema, desde O Fabuloso Fittipaldi (1973) até o derradeiro e autobiográfico Meu Amigo Hindu (2015). E não só. Bárbara flagra o marido em hospitais, na intimidade do lar, no retorno a uma locação de Pixote. Sons e imagens não necessariamente são casados e o clima é onírico.

Como num sonho, as cenas brotam delicadamente e, no áudio, escuta-se Babenco. Ele confessa que nunca foi aceito pelos argentinos, que o consideram brasileiro, nem pelos brasileiros, que o consideravam argentino. Era um eterno exilado, em suas próprias palavras. Outro assunto delicado: o câncer, diagnosticado após concorrer ao Oscar por O Beijo da Mulher-Aranha (1985), e a sentença de Drauzio Varella de que Babenco teria poucos meses de vida. A história provou o contrário. O guerreiro lutou e, em tratamento, fez Ironweed (1987) e Brincando nos Campos do Senhor (1991).

Bárbara, uma famosa estrela da TV, poderia se colocar como uma interlocutora/ narradora onipresente, como o faz, por exemplo, Petra Costa, em Democracia em Vertigem. Só que não. A mistura de humildade com bom senso e timidez da atriz é essencial para que sua presença seja discreta. Ela é necessária em pontos estratégicos, como na sua participação em Meu Amigo Hindu.

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Raras vezes um legado, seja de uma filmografia, seja de uma personalidade, seja do próprio cinema, conseguiu resultado tão primoroso. Babenco, certamente, aplaudiria de pé a própria trajetória no belo filme de Bárbara.

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Publicado em VEJA São Paulo de 02 de dezembro de 2020, edição nº 2715

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