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“Se o filme tem personagens gays, não faz sentido eu esconder isso”, diz o diretor de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Conheci o diretor Daniel Ribeiro em 2010 quando seu curta-metragem, Eu Não Quero Voltar Sozinho, ganhou quatro prêmios no Festival de Paulínia. Foi um pequeno grande filme que conquistou a plateia de imediato. Desde aquela época, Daniel já pensava em transformar a linda história do curta num longa-metragem. Quatro anos se passaram, Hoje Eu Quero […]

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 22h15 - Publicado em 10 abr 2014, 20h28
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Conheci o diretor Daniel Ribeiro em 2010 quando seu curta-metragem, Eu Não Quero Voltar Sozinho, ganhou quatro prêmios no Festival de Paulínia. Foi um pequeno grande filme que conquistou a plateia de imediato. Desde aquela época, Daniel já pensava em transformar a linda história do curta num longa-metragem. Quatro anos se passaram, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho ficou pronto (e bem bacana), ganhou dois prêmios no Festival de Berlim e estreou nos cinemas do Brasil.

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O que mudou na sua vida pessoal e profissional depois dos prêmios no Festival de Berlim? Tenho a sensação de que tudo continua igual porque, desde o fim do ano passado, quando soubemos da seleção de Berlim, não parei um segundo. Foi uma correria para finalizar o filme e, depois de Berlim, emendei outros dois festivais, Cartagena e Guadalajara. O que dá pra sentir claramente é o enorme apoio que muitas pessoas estão dando para o filme. Isso dá para medir pela quantidade de gente que me escreve no Facebook.

O que acrescentou para a carreira do filme os troféus em Berlim? Hoje Eu Quero Voltar Sozinho entrou no radar da imprensa e ganhou uma exposição bem grande para um filme independente e de uma produtora pequena, como a Lacuna Filmes.

Você já declarou que seu filme é gay. Acha bom ou ruim comercialmente rotular um filme? Acho muito difícil conseguir fugir dos rótulos que as pessoas vão dar. Depois que o filme está pronto e você mostra para o mundo, me parece quase impossível tentar controlar o que vão dizer e pensar sobre ele. A partir do momento em que faço um filme com personagens gays, não faz sentido eu querer esconder isso. Acho que um filme tem de ser orgulhoso de tudo que ele é e aceitar de peito aberto todos os rótulos que possam dar a ele.

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É praticamente unânime a opinião positiva da crítica. Como pretende que isso se reverta em boa bilheteria? É uma pergunta que não tem resposta porque, realmente, não dá pra saber como as pessoas vão se comportar nos cinemas. Fizemos um trabalho muito grande nas redes sociais e o boca a boca parece ser bom. Só resta torcer.

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Quando Eu Era Vivo, que tinha Sandy e Antonio Fagundes, foi um fiasco na bilheteria. Qual a sua estratégia para fazer sucesso com um filme com elenco de atores desconhecidos? Meu filme não tem um elenco global, mas há seguidores por causa do curta, que tem 3 milhões de visualizações no YouTube. Há muitos adolescentes que adoram os personagens e os atores no mundo inteiro. No Festival de Guadalajara, no México, tinha gente esperando na porta do hotel pra tirar foto com eles. Nossa estratégia é baseada na força nas redes sociais. A página do Facebook tem 170 mil pessoas curtindo, por exemplo.

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Uma das cenas mais tocantes para mim é quando toca a música de Belle & Sebastian, também presente no trailer. De quem foi a escolha? Belle & Sebatian é minha banda favorita e There’s Too Much Love foi a primeira música da banda que ouvi. Fiquei imediatamente apaixonado. Lembro que, na época, comprei os quatro CDs lançados e ouvia sem parar. Foi a trilha sonora dos meus tempos de faculdade e, por isso, muito marcante.

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho pode ajudar muitos adolescentes a entender melhor sua homossexualidade? Acho que sim. Pela quantidade de emails e mensagens que eu já recebi dizendo como o curta foi importante para elas, tenho a noção de que um filme pode ajudar adolescentes que estão descobrindo a sexualidade.

Assista ao curta-metragem Eu Não Quero Voltar Sozinho

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O filme está estreando num circuito bem reduzido de salas. Acha que houve resistência do circuito exibidor por causa do tema? Não acho que isso seja o problema. A competição é grande. Tem Rio 2, Capitão América 2, Noé… Simplesmente, não tem sala pra todos os filmes e ainda tem os menores, como o Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. Sempre soube disso, mas estamos felizes que a Vitrine Filmes conseguiu colocar o filme em tantas cidades. Estamos torcendo pra conquistarmos novas salas nas próximas semanas.

LEIA TAMBÉM: O sucesso de Ghilherme Lobo, o garoto cego de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

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