Um antigo diário guardado no fundo da gaveta serviu de inspiração para o novo trabalho de Naja White, drag queen interpretada pelo paulista Nylo Bimbati, 32. “Assim que comecei a folhear aquelas páginas, voltei para a terapia e revisitei lembranças difíceis da minha adolescência”, conta.

O mergulho no passado rendeu o novo disco 2006, que será lançado na segunda quinzena de outubro, acompanhado por um documentário sobre bullying.

“Senti que estava entrando em um território muito delicado e, se fizesse isso de forma superficial, a música ficaria vazia”, pondera. “Precisei me colocar nessa situação vulnerável para explicar o que aconteceu e entender quem eu era como criança gay. A cada música que levei para o estúdio, tive crises de choro e momentos de reflexão. Percebi que era um processo de cura.”

Após se mudar de Leme, interior de São Paulo, Nylo chegou a participar do reality show Queen Stars Brasil, exibido pela HBO Max, e passou a se apresentar em festas de rock e temática emo na capital.

“Como drag do rock, às vezes ainda me vejo sem palco. Querendo ou não, essas baladas têm um monte de hétero”, diverte-se. “As pessoas começaram a me procurar nas redes, mas ainda não existe uma festa que una esse gênero musical e o público LGBT+.”

Publicado em VEJA São Paulo de 22 de setembro de 2023, edição nº 2860

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