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Notas exclusivas sobre artistas, políticos, atletas, modelos, empresários e pessoas de outras áreas que são destaque na cidade. Por Humberto Abdo.
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“Drogas não são um problema para Amsterdã”, diz Mirik Milan, prefeito da noite da capital da Holanda

Desde 2001, Mirik Milan, 33 anos, produz eventos em Amsterdã, capital da Holanda. De festinhas em pequenos bares até grandes eventos, Milan tornou-se nome forte na cena noturna da cidade. Há dois anos, ele assumiu o cargo de prefeito da noite, representante e porta-voz de trabalhadores do setor com as autoridades. “Recolho as reclamações e […]

Por VEJA SP
Atualizado em 26 fev 2017, 22h27 - Publicado em 21 mar 2014, 16h55
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  • MIRIK MILAN _ PREFEITO DA NOITE EM AMSTERDA (/)
    MIRIK MILAN _ PREFEITO DA NOITE EM AMSTERDA

    Foto: Ricardo D’Angelo

    Desde 2001, Mirik Milan, 33 anos, produz eventos em Amsterdã, capital da Holanda. De festinhas em pequenos bares até grandes eventos, Milan tornou-se nome forte na cena noturna da cidade.

    Há dois anos, ele assumiu o cargo de prefeito da noite, representante e porta-voz de trabalhadores do setor com as autoridades. “Recolho as reclamações e pedidos e faço conexão com a prefeitura e outros órgãos, para desenvolver o setor em Amsterdã”, explica. O cargo existe desde 2003 e a eleição acontece a cada dois anos. A eleição é feita por empresários, produtores, DJs e pelo público.  Milan veio a São Paulo para palestrar no Seminário da Noite Paulistana, organizada pelo CoLaboratório, coletivo que discute lazer, arte, urbanismo e a noite.  VEJA SÃO PAULO o acompanhou num passeio por bairros como Vila Madalena, Jardins, Rua Augusta e fez uma visita ao clube D-Edge, na Barra Funda.

    Como é a noite de Amsterdã?

    Milan – As casas noturnas e bares têm horário para fechar. Às quatro da manhã, a balada tem que acabar. Isso é ruim. Os proprietários deveriam poder escolher o horário adequado para encerrar as atividades. Consegui colocar um experimento em prática: dez casas noturnas estão com uma licença para funcionar no período que elas quiserem.  Se der certo, vamos abrir aos poucos para outros estabelecimentos.

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    Amsterdã é conhecida por ter o comércio de maconha legalizado em “coffee shops”. Qual a relação das drogas com a cena noturna da cidade?

    Milan – As drogas não são um problema. A maconha é legalizada e, por isso, deixa de ser tão atraente. Os jovens normalmente pensam “se a minha avó pode fazer, não é interessante”. As pessoas usam drogas para esquecer a realidade. A Holanda é muito rica, o sistema funciona e cria-se estrutura para ajudar quem não se encaixa nele. Por isso, ninguém precisa esquecer a realidade. A cada ano que passa, temos menos pessoas viciadas em heroína, por exemplo.

    É permitido consumir drogas nos clubes?

    Milan – Não. Existe uma fiscalização intensa. Se duas pessoas vão juntas ao banheiro, por exemplo, um funcionário entra em ação e não permite. As cabines dos toaletes têm portas menores, o que permite ver o que os usuários estão fazendo dentro delas. Ninguém consegue usar nada lá. E nem fazer sexo, o que acho meio entediante.

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    Como o goveno trata os viciados?

    Milan – Há um projeto que dá muito certo. Pessoas que têm problemas psicológicos, seja por causa de drogas ou um distúrbio mental, têm apoio psiquiátrico e as empresas que as contratam recebem ajuda financeira.

    Quais são as leis relacionadas à cena noturna de Amsterdã que mais incomodam você?

    Milan – Em Amsterdã, as pessoas têm medo de movimento intenso. Apresentações artísticas espontâneas, como pessoas tocando qualquer tipo de música na rua, são proibidas. Para se ter uma ideia, se alguém quiser fazer uma festa com cem pessoas, precisará de um documento pedindo autorização permanente, assim como a de um bar. Claro que as festas acontecem mesmo sem isso. Mas é um absurdo não poder comemorar seu aniversário se não tiver a autorização.

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    Como funciona o sistema de fiscalização? É fácil abrir um bar?

    Milan – Demora muito para conseguir toda a documentação. Pode levar até seis meses. É possível diminuir esse tempo se a prefeitura centralizasse tudo em um único departamento.

    Você tinha alguma ideia de como era São Paulo?

    Milan: Achava que era uma cidade 24 horas, mas não é. Os estabelecimentos fecham e o transporte para de funcionar. Isso me surpreendeu.

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    O que achou de São Paulo?

    Milan – Limpa. A Ásia, por exemplo, é muito suja. Vi lixeiras espalhadas pelas calçadas e isso é bom. O triste são os mendigos dormindo na rua.

    Uma das principais reclamações do paulistano é sobre o trânsito. Mesmo à noite, alguns bairros têm congestionamento…

    Milan – Prefiro morar em um lugar onde há bons restaurantes, bares, cinema, teatro, mesmo que para isso eu tenha de enfrentar trânsito e filas. Se tem movimento, é porque a coisa é boa.

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    Moradores de bairros como os Jardins, por exemplo, sofrem com problemas como o barulho provocado por restaurantes e bares, além de carros parados em fila dupla para estacionar em vallets. Como essa questão foi resolvida em Amsterdã?

    Milan: Cada bairro tem um planejamento. Se ele vai ser residencial, tem um número específico de estabelecimentos comerciais e escolas. A cada dez anos, o planejamento é revisto e aqueles bairros que não estiverem balanceados têm de se adaptar.

    (Juliene Moretti)

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