Condomínio de luxo sustentável será construído ao lado de desmatamento
Empreendimento com mote ecológico em Riviera de São Lourenço será construído quase ao lado de terreno recém-desmatado por outra construtora
Com casas a partir de R$ 8 milhões, um novo empreendimento em Riviera de São Lourenço, litoral norte de São Paulo, tem atraído compradores interessados em casas sustentáveis de luxo. Chamado de The Golf Village, o condomínio da incorporadora Crego Painceira investe em imóveis no conceito nature chic: casas com muito verde, design refinado e materiais e construções que não agridem o meio ambiente.
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O espaço residencial no litoral recebeu a dupla certificação AQUA-HQE, um selo francês que audita o projeto e a construção em mais de 200 itens ligados à sustentabilidade e bem-estar. Fazem parte do projeto atributos e detalhes como madeira finlandesa sem tratamentos químicos, pedras naturais, jardins dentro e fora da casa com irrigação automatizada para a economia, arquitetura bioclimática e paisagismo sensorial — que incorpora aroma, plantas comestíveis e árvores frutíferas nos ambientes.
O investimento total, segundo a empresa, chegará a R$ 80 milhões.
Do outro lado do muro
Próximo ao local, um imbróglio nada sustentável tem preocupado moradores da região. A construtora Sobloco, responsável por uma expansão de prédios de luxo, acaba de avançar com o desmatamento da mata atlântica no local — processo até então paralisado na Justiça, segundo matéria publicada pela Folha de São Paulo. O desmate é legal, mas baseado no modelo de urbanismo “pé na areia”, ultrapassado e desencorajado por ambientalistas (atualmente, já é possível encontrar vídeos da maré subindo a ponto de atingir áreas residenciais da Riviera).
A expansão ocorre nos lotes 1 e 9 da propriedade, cujo projeto já tem mais de 30 anos. Em abril deste ano, a 4ª turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região confirmou a revogação da liminar que impedia a supressão de vegetação no que será uma nova área de habitações e uma possível futura marina da Riviera.
Segundo a construtora Sobloco, “as empreendedoras investiram milhões de reais na implementação de tais medidas [mitigadoras e compensatórias estabelecidas pelos órgãos ambientais] e na realização de obras de infraestrutura. Consternadas, agora observam a história se repetir, com a propositura de uma nova ação civil pública pretendendo rediscutir questões, ampla e exaustivamente examinadas, e já decididas pelo Judiciário”. De acordo com a empresa, “isso caracteriza insegurança jurídica prejudicial ao desenvolvimento do país, quando deveriam ser respeitados aqueles que empreendem com responsabilidade social e ambiental, gerando emprego e renda, dentro das leis vigentes”.
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