Brasileiros encaram nova expedição ao topo do Kilimanjaro
Montanhista percorre a maior montanha da África em jornada marcada por superação, diversidade e conexão cultural

Primeira mulher negra latino-americana a chegar ao Everest, a montanhista Aretha Duarte conduz um grupo de brasileiros ao Kilimanjaro, na Tanzânia, entre 31 de agosto e 8 de setembro. Com 5 895 metros de altitude, a montanha mais alta da África é um dos destinos mais procurados por quem busca desafios em grandes altitudes.
Rota rochosa
A equipe organizada pela operadora Grade6 reúne quatro mulheres e dois homens, além de cerca de 18 colaboradores locais que apoiam a expedição. A escolha da rota Lemosho permite atravessar diferentes cenários, de florestas a áreas desérticas, em uma escalada que exige preparo físico, mas não necessariamente conhecimento técnico de escalada em rocha.
Para Aretha, a jornada vai além do esporte. A montanhista destaca o simbolismo de estar no continente africano e a riqueza da troca cultural com o staff local, formado por representantes de diferentes tribos da Tanzânia.
Consciência Negra
Essa é a segunda vez que ela guia brasileiros no Kilimanjaro. Em 2024, ela conduziu um grupo formado exclusivamente por pessoas negras, no mês da Consciência Negra, em uma expedição que uniu esporte, ancestralidade e representatividade.
Nascida na periferia de Campinas, Aretha ficou conhecida em 2021 ao financiar sua chegada ao Everest com a coleta e venda de materiais recicláveis.
Hoje, além das expedições em grupo, ela atua como palestrante em empresas, abordando temas como sustentabilidade, liderança e impacto social.
Superação

Formada em educação física, Aretha se apaixonou pelo esporte após uma palestra na faculdade.
“Fiquei encantada, mas também incomodada por nunca ter ouvido falar e por não existir nada disso onde moro, na periferia de Campinas”, conta. “Com o tempo me tornei guia especializada em altas montanhas e pratico há doze anos.”
Além da conquista do Everest, ela já passou por aventuras em países como Rússia e Bolívia — e já conhece os desafios do Kilimanjaro.
“O mais difícil é a altitude (5 895 metros), que exige condicionamento físico e cerca de seis horas de trekking por dia. E pode chegar a 15 graus negativos”, explica. “Alguns dos participantes nunca viajaram para fora do Brasil. É uma experiência que nos deixa em contato com nossas vulnerabilidades.”
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