Não justifique suas atitudes
Não dar justificativas sobre os próprios atos pode parecer uma postura arrogante e egocêntrica. Como se a pessoa se sentisse melhor que as outras e pudesse fazer o que bem entendesse sem se preocupar com os demais. Isso pode sim ser verdade em alguns casos mas, dependendo de como olhamos para a questão, veremos que […]
Não dar justificativas sobre os próprios atos pode parecer uma postura arrogante e egocêntrica. Como se a pessoa se sentisse melhor que as outras e pudesse fazer o que bem entendesse sem se preocupar com os demais. Isso pode sim ser verdade em alguns casos mas, dependendo de como olhamos para a questão, veremos que pode ser exatamente o inverso.
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Existem, basicamente, três motivos por que justificamos uma atitude:
Por insegurança. Este aspecto, no fim das contas, determina uma condição egocêntrica com muito mais clareza do que pareceria ser o caso de quem evita justificar seus atos. Não tem nada mais egocêntrico do que a insegurança. Quem justifica em demasia suas atitudes por sentir-se inseguro em relação a elas normalmente tem uma carência por atenção, o que leva à busca pela aprovação dos demais de forma frequente e intensa. A pessoa precisa ter certeza de que não está desagradando e, quanto mais quer ter certeza, mais desagrada. Pessoas assim são vistas como chatas. O duro é que esta percepção acaba corroborando a visão que a pessoa tem de si mesma. Uma armadilha.
Porque fez o que não deveria ter sido feito. Claro que em situações assim, se raras, admitir o erro é sim uma boa ideia porque demonstra respeito pelos demais. Mas veja que admitir um equívoco não é o mesmo que justificá-lo. Aliás, é exatamente o contrário. Justificar nesses casos significa buscar uma fantasiosa explicação que exime a pessoa da responsabilidade pelo próprio ato. Tem como ser mais arrogante?
Por respeito aos demais. Este é o único e saudável motivo para justificar uma atitude. Só que, como as relações são complexas na prática, como diferenciar uma situação de respeito pelos demais e uma de egocentrismo ou erro? Uma dica importante é que o primeiro motivo (respeito pelos demais) é mutuamente excludente em relação aos outros dois (insegurança e fazer o que não deveria ter sido feito) porque estes contaminam a justificativa dada. Quer dizer, se você se sente inseguro em relação a uma atitude que tomou ou sabe que não deveria ter feito aquilo, a dimensão do respeito aos demais fica contaminada ou até mesmo comprometida. De qualquer modo, ela perde o sentido. A bem da verdade, são raras as situações nas quais justificar uma atitude se faz necessário.
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O ideal é que uma atitude fale por si só, que dispense explicações e notas de rodapé como justificativa. Embora seja útil justificar um ato por respeito aos demais (o primeiro motivo), ainda assim essa deve ser uma situação rara.
Tive um colega no ensino médio que sempre justificava suas atitudes, o que o tornava uma companhia chata na maior parte do tempo. Outros colegas tiveram a ideia de lhe fazer questionamentos aleatórios para ver no que dava. Na primeira ocasião, resolveram questionar a cor da camiseta. “Cara… você veio de vermelho!” O incrível foi que ele realmente passou a tentar explicar sua escolha, dando até detalhes do ferro de passar de sua mãe.
Fizeram isso por um bom tempo ao longo do ano com os mais variados e aleatórios motivos até que ele percebeu o assédio envolvido na situação. Curiosamente, foi o início de uma mudança consistente em sua postura. Depois daquela experiência, ele passou a justificar raramente seus atos e foi se tornando uma companhia cada vez mais agradável e desejada pelos demais.
Certa mesmo estava a avó do Teobaldo.