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“Dogville”, a peça, conquista identidade ao reler perfis dos personagens

Se cinema é imagem, teatro é a arte do ator. E, assim, o diretor Zé Henrique de Paula fez saltar a personalidade da sua versão para filme de Lars von Trier

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 30 jan 2019, 16h49 - Publicado em 30 jan 2019, 16h40
"Dogville": Mel Lisboa e Thalles Cabral diante do elenco do espetáculo (Renato Mangolin/Divulgação)
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Lançado em 2003, um longa-metragem do dinamarquês Lars von Trier incomodou muitos espectadores com uma estética crua, teatral, desprovida de cenários ou elementos realistas. Dogville, o polêmico filme, ganhou os palcos na primeira adaptação brasileira, sob a direção de Zé Henrique de Paula, e chegou com uma cara própria.

A trama é ambientada na fictícia cidade homônima, localizada no topo de uma cadeia montanhosa. Os habitantes são poucos, aparentemente cidadãos de bem. É lá que vai parar Grace (interpretada por Mel Lisboa), fugitiva de uma quadrilha, que se oferece para ajudar em qualquer tarefa. O primeiro a lhe estender a mão é Tom (papel de Rodrigo Caetano), que convence os outros a aceitá-la no vilarejo. O constante assédio de Chuck (vivido por Fábio Assunção) e a má vontade de Ma Ginger (a atriz Selma Egrei) são as dificuldades iniciais. Logo, porém, Grace será explorada por todos e até violentada.

O espetáculo busca a desconstrução do que foi visto nas telas e, inicialmente, consolida uma autonomia ao recorrer aos efeitos visuais e projeções em vídeo. Não espere os artistas marcando o palco com traços de giz para delimitar espaço, como no celuloide. Catorze cadeiras são movimentadas pelo próprio elenco e, de acordo com a disposição, criam o ambiente de uma igreja, um galpão ou uma plantação.

Se cinema é imagem, teatro é a arte do ator. E, assim, Zé Henrique fez saltar a personalidade da sua versão. O diretor explora contornos psicológicos pouco óbvios na maioria dos personagens. A surpreendente Grace de Mel Lisboa é doce, servil, desperta a piedade do público, bem diferente da criação de Nicole Kidman no filme, quase sinistra. Como Tom, Rodrigo Caetano surge tão compreensivo que seu contraponto, o Chuck de Assunção, é visto como um vilão cínico e ambíguo.

O ator Eric Lenate, luminoso na representação do narrador, desconcerta a plateia quando aparece no final como outro personagem e amplia os limites da fábula ao pôr em xeque a versão dos fatos ouvida até aquele momento. Bianca Byington, Marcelo Villas Boas, Anna Toledo, Gustavo Trestini, Fernanda Thurann, Thalles Cabral, Chris Couto, Blota Filho, Munir Pedrosa, Dudu Ejchel e Fernanda Couto fecham o elenco, e, mesmo em falas discretas, valorizam as aparições (120min). 16 anos. Estreou em 25/1/2019.

+ Teatro Porto Seguro. Alameda Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos. Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 50,00 a R$ 90,00. Até 31 de março.

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