Avatar do usuário logado
OLÁ,
Imagem Blog

Teatro

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.)

“Império” fecha três meses como feijão com arroz de grife

Já são quase três meses no ar. A novela “Império” estreou em 21 de julho e, claro, o público não tem mais nem a vaga memória de “Em Família”. Se a trama de Manoel Carlos, exibida entre 3 de fevereiro e 18 de julho, agiu como sonífero para boa parte dos espectadores, a história de […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 00h13 - Publicado em 15 out 2014, 20h32
Maria Marta (Lilia Cabral) e José Alfredo (Alexandre Nero) (/)
Continua após publicidade
Lilia Cabral e Alexandre Nero: "Império" completa três meses no ar no dia 21

Lilia Cabral e Alexandre Nero em “Império”: três meses no ar no dia 21 (Fotos: Divulgação/Globo)

Já são quase três meses no ar. A novela “Império” estreou em 21 de julho e, claro, o público não tem mais nem a vaga memória de “Em Família”. Se a trama de Manoel Carlos, exibida entre 3 de fevereiro e 18 de julho, agiu como sonífero para boa parte dos espectadores, a história de Aguinaldo Silva repercute e gera algum tipo de debate nas redes sociais. Os personagens são lembrados, alguns deles despertam empatia e polêmicas, mas os números não soam tão expressivos, como o autor prometia. “Império” fica com uma audiência na casa dos 30 pontos, resultado semelhante ao do da malsucedida antecessora no horário das nove.

Deixando os índices de lado, “Império” é certamente melhor que “Em Família”. Também supera “Amor à Vida” e “Salve Jorge”, exibidas anteriormente na mesma faixa, mas, convenhamos, essa tarefa não era tão difícil assim. Mais homogênea e coerente, a novela tem ritmo e ingredientes capazes de dialogar com espectadores de diferentes perfis. Ainda assim, a trama de ambição e poder centrada no Comendador José Alfredo (o versátil e convincente Alexandre Nero) em nada lembra êxitos de Aguinaldo como “Tieta” ou “Senhora do Destino”. E o público talvez se sinta traído, principalmente porque, na primeira semana de exibição, “Império” prometeu muito. Hoje, no entanto, é servida apenas como um bom prato de feijão com arroz assinado por um chef de grife.

Continua após a publicidade

+ Saiba quem foram os vencedores do Prêmio Bibi Ferreira.

Os quatro capítulos iniciais mostraram um impecável flashback sobre a ascensão do protagonista de imigrante pobre a magnata das pedras preciosas. Intérprete de José Alfredo na juventude, o novato Chay Suede esbanjou carisma e teve parceiros à altura como Vanessa Giácomo e, principalmente, Marjorie Estiano, a invejosa Cora. As cenas eram muito bem fotografadas e a direção de Rogério Gomes proporcionou uma sofisticação que Aguinaldo não obtinha mais em suas dobradinhas com Wolf Maya.

+ Leia entrevista com a atriz Lilia Cabral.

Quase três meses depois, “Império” tem poucos ingredientes para surpreender e seduzir o telespectador. O problema está nas apostas de Aguinaldo que não deram certo e ele, esperto, já percebeu e tenta contornar. Prometida como grande vilã, a Cora na idade madura é uma decepção sem tamanho. Drica Moraes tropeça em uma construção oposta àquela tão bem delineada por Marjorie Estiano. Antes amarga e ressentida, a solteirona virou uma maluca que parece caricatura de desenho animado e, por isso, não é levada a sério por ninguém. Ficou nas mãos seguras da Maria Marta de Lilia Cabral apagar o incêndio e destilar maldades por vários núcleos. A personagem inferniza a vida conjugal do filho mais velho (Caio Blat), ameaça o poder do marido e perturba a suposta filha bastarda dele, Cristina (Leandra Leal).

Continua após a publicidade
imperioturma

Andreia Horta, Adriano Alves, Drica Moraes e Leandra Leal: conflitos atenuados

Muito bem defendida por Leandra, a mocinha não convence tanto. Já negociou dinheiro com Maria Marta, traiu durante um bom tempo o noivo boa-praça e corre o risco de perder seu novo amor, o cozinheiro Vicente (Rafael Cardoso), para a doce Maria Clara (Andreia Horta). Como se não bastasse, Cristina se mostra indiferente a um dos principais conflitos da história, o fato de ser ou não herdeira legítima do protagonista. O próprio José Alfredo também não está muito preocupado com isso. Torna-se, então, mais interessante vê-lo em ação com Ísis (Marina Ruy Barbosa), sua amante angelical, explorada pelos pais cafetões (vividos por Tato Gabus Mendes e Zezé Polessa) e, quem sabe, torcer por todos eles. Ainda mais diante da “ameaça” nada perigosa que se aproxima: o apático João Lucas (vivido por Daniel Rocha), o caçula de José Alfredo.

Continua após a publicidade

+ Leia entrevista com o ator Ricardo Rathsam. 

A Cora de Drica Moraes só perde o troféu de caricatura do ano porque em “Império” existe o Téo Pereira de Paulo Betti. Jornalista ávido por notícias sensacionalistas, o personagem é um gay tão estereotipado que parece saído de um programa humorístico das noites de sábado. Nessa concorrência, o travesti Xana Summer (papel de Ailton Graça) torna-se simpático em surpreendentes dobradinhas com Viviane Araújo e Dani Barros. Sobrou para José Mayer o conflito sério no terreno da diversidade. Na pele do personagem Cláudio, o ator aproveita muito bem a chance de explorar uma temática diferenciada na teledramaturgia: o bissexual, pai de família e compreendido por Beatriz, a esposa apaixonada (muito bem representada por Suzy Rêgo). Mesmo que alguns exageros sejam cometidos na relação do casal, principalmente por Beatriz se mostrar excessivamente cúmplice, várias cenas deles despertam a emoção do público.

No capítulo de terça, dia 14, Cláudio se mostrou transtornado depois de Beatriz sofrer um acidente de carro e vê-la correndo risco de vida. Nesses casos, José Mayer, Suzy Rêgo e Aguinaldo Silva garantem a cumplicidade do espectador, que acredita na relação do casal pouco convencional. Talvez sejam momentos como este que estejam faltando para “Império” conquistar a fidelidade do público e melhorar os índices de audiência.

Continua após a publicidade

suzymayer

Suzy Rêgo e José Mayer: cumplicidade de um casal pouco convencional

Mas, afinal de contas, esse blog é sobre teatro, não? Então vamos lá!

Quer saber mais sobre teatro? Clique aqui.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

A partir de 32,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.