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Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.) por Laura Pereira Lima (laura.lima@abril.com.br)
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“Não sou e jamais vou ser a nova Fernanda Montenegro”, diz Lilia Cabral

Com a estreia da comédia “Maria do Caritó”, a atriz paulistana Lilia Cabral, de 55 anos, volta às origens. Não só pelo retorno aos palcos da cidade, mas também por estar entre seus melhores amigos. Em cena, ela reencontra o ator Fernando Neves e a atriz Silvia Poggetti, além do figurinista J.C. Serroni, colegas da […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 12h14 - Publicado em 4 ago 2012, 08h52

Lilia Cabral interpreta uma nordestina solteirona e virgem na comédia que estreia no Teatro Faap (Foto: Claudia Ribeiro)

Com a estreia da comédia “Maria do Caritó”, a atriz paulistana Lilia Cabral, de 55 anos, volta às origens. Não só pelo retorno aos palcos da cidade, mas também por estar entre seus melhores amigos. Em cena, ela reencontra o ator Fernando Neves e a atriz Silvia Poggetti, além do figurinista J.C. Serroni, colegas da Escola de Arte Dramática (EAD), no final da década de 70. Escrito por Newton Moreno e dirigido por João Fonseca, o espetáculo estreia dia 10 de agosto no Teatro Faap. Por aqui, Lilia bate um papo com a gente.

Você estreou “Maria do Caritó” há dois anos no Rio de Janeiro, parou para gravar a novela “Fina Estampa” e, agora, retoma o espetáculo.  Trouxe um pouco da Griselda para essa personagem?

Eu quero mais que as pessoas esqueçam a Griselda. São duas mulheres totalmente diferentes. A Maria é pura, romântica, vive para encontrar um grande amor, e ela tem realmente fé de que isso vai acontecer. Já a Griselda era prática, racional, uma mulher que se bastava. Tanto que depois da separação do Pereirinha (personagem do José Mayer) descartou qualquer possibilidade de amar. Até que morreu pela boca e ficou com os dois mais bonitões da novela (risos).

Mas há uma transferência de suas experiências para a personagem?

Nossa maior preocupação, claro, é contar bem essa história, mas à medida que vivenciamos o texto – e já estamos nele há dois anos – jogamos ali um pouco do nosso cotidiano. As palavras tornam-se mais saboreadas. Um fato que tenha acontecido no meu dia ou no dos meus colegas infere na nossa interpretação. É verdade aquela história de que, no teatro, cada noite é diferente da outra. O que mais gosto nos textos do Newton Moreno é a procura por uma metáfora para falar do amor. Em “Maria do Caritó”, ele buscou a simplicidade do sentimento e, dessa forma, vem à tona o lado humano de cada um de nós. E esse é o grande benefício do teatro para quem faz e quem vê.

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Fazia muito tempo que planejava voltar a trabalhar com os atores Fernando Neves e Silvia Poggetti, seus amigos da Escola de Arte Dramática?

Eu me cobrava muito esse reencontro. Fernando e Silvia não são apenas meus amigos da EAD. São amigos da vida inteira, que permaneceram sempre por perto, viram minha filha nascer. Junto com eles e o Hugo Della Santa (1952-1988), formávamos um grupo. Queria fazer um trabalho que reunisse nosso grupo de novo, sabe? Não que eu devesse alguma coisa a eles. Ninguém deve nada a ninguém. Estamos juntos nessa porque todos são ótimos. Não chamaria um amigo sem talento para trabalhar comigo. É pelo carinho e pelo prazer de contracenar mesmo.

Você alcançou um reconhecimento popular e de crítica muito grande nos últimos anos. Tem noção de que essa quase unanimidade é incomum, não?

Olha, eu não toco a minha vida pensando em ser admirada ou ganhar o reconhecimento de todo o mundo. Se optasse por esse caminho, entraria em uma competição que não teria volta e, lá pelas tantas, me perderia. Eu não sei se faço sempre o melhor. Mas o público pode ter certeza de que estarei dando o melhor de mim. E é desse jeito que eu quero que as pessoas me reconheçam. Nessa peça, além de atuar, eu produzo, canto, danço. Claro que não levanto a perna lá em cima como a melhor das bailarinas. Mas tento enganar um pouquinho (risos). Sempre tive prazer em fazer o público chorar ou rir. Gosto disso, de verificar essa reação. E para um ator alcançar isso precisar ser sincero, acreditar no que faz.

Tem gente que chega a dizer que você é a “nova Fernanda Montenegro”, sabia?

Imagina! Não sou e jamais vou ser a nova Fernanda Montenegro. Aquela mulher não é páreo para ninguém. Se um dia você percebe que tem credibilidade é porque construiu um caminho. Fui chamada para fazer a novela “Corpo a Corpo”, em 1984, por causa da peça “Feliz Ano Velho”. E emendei um trabalho no outro. Tive personagens muito bons em “Vale Tudo” e em “Tieta”, por exemplo, mas precisava encontrar a minha realização. Queria ser vista como uma atriz de formação teatral. Decidi, então, fazer o monólogo “Solteira, Casada, Viúva, Divorciada” em 1993. Nesse meio tempo, todo mundo estreou monólogos. Era Renata Sorrah, Regina Casé, Diogo Vilela, Cláudia Jimemez. Então, pensava: “meu Deus! Será que é essa realmente a hora?”. E deu certo. Foi com esse espetáculo que as portas se abriram de fato para mim, inclusive dentro da própria televisão.

Encontrar o sucesso na maturidade a fez encará-lo de forma mais serena, então?

O sucesso foi uma evolução. Eu já levei muitos baques na minha carreira, alguns projetos deram errados e aprendi com todos eles. Algumas vezes, escorreguei feio. A minha filha, Giulia, de 15 anos, quer ser atriz e cursa o Tablado, no Rio. Mas faço questão de sempre lembrá-la que essa carreira é muito dura, sofrida e exige vocação. Ela me conheceu estabilizada. Mas passei boa parte da vida contando os tostões, fazendo um teste atrás do outro, pedindo emprego para quem pudesse me oferecer um. Hoje, posso escolher melhor meus trabalhos. Mas a vida de um artista em geral não é assim. A Giulia não pode alimentar nenhuma fantasia, com ela não vai ser diferente.

Mudou alguma coisa na sua forma de ver o teatro e o público?

Não mudou nada. As minhas inseguranças continuam muito fortes. O espetáculo fez uma ótima carreira no Rio e em várias capitais. Todos me falam que vai ser sucesso em São Paulo também. Eu não sei! Penso que a gente pode estar em outro momento, e o público também. Os interesses podem estar voltados para outra coisa. Tomara que não, né?

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Silvia Poggetti, Eduardo Reyes, Lilia Cabral, Fernando Neves e Dani Barros, o elenco de “Maria do Caritó” (Foto: Claudia Ribeiro)

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