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De iate a safári: conheça a história e as suítes mais incríveis do arquiteto Ricardo Freire, o Rei do Motel

O escritório em Moema de 100 metros quadrados ficou pequeno para o arquiteto Ricardo Freire, de 51 anos, em 2015. Nos últimos meses, ele esteve em Luanda, capital de Angola, e Lisboa, em Portugal. Agora, passa uma temporada se revezando nas cidades de Miami e Boston, nos Estados Unidos. Freire está exportando seu principal know-how: […]

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 26 fev 2017, 13h51 - Publicado em 15 dez 2015, 18h57
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Ricardo Freire: em vinte anos de carreira, projetou mais de 700 suítes de motel, muitas temáticas (Foto: Reprodução Facebook)

O escritório em Moema de 100 metros quadrados ficou pequeno para o arquiteto Ricardo Freire, de 51 anos, em 2015. Nos últimos meses, ele esteve em Luanda, capital de Angola, e Lisboa, em Portugal. Agora, passa uma temporada se revezando nas cidades de Miami e Boston, nos Estados Unidos. Freire está exportando seu principal know-how: o design de suítes de motéis.

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Desde a década de 90, acumula nada menos do que 700 projetos na área, em um custo individual de 50 000 reais, em média. Tem um dos raros estúdios especializados no ramo e assina plantas em casas famosas da cidade, como Harmony, Classe A e Riviera. Por conta disso, foi coroado por empresários do setor como o Rei do Motel. “Existe muito profissional que guarda um preconceito bobo. Eu não, fico lisonjeado com esse apelido”, afirma.

Quarto no estilo de balada do motel Demy, em Embu das Artes (Foto: Divulgação)

Quarto no estilo de balada do motel Demy, em Embu das Artes (Foto: Divulgação)

A fama correu o mundo e recentemente, Freire tem sido chamado para reformar empreendimentos do setor hoteleiro no exterior. Em janeiro, por exemplo, vai finalizar um hotel boutique em Boston, com planta de 6 milhões de dólares. “Os quartos terão pé direito alto e hidromassagem. Quero que os hóspedes tenham a sensação de liberdade, de ficar pelados no meio da rua”, explica. Ele estuda abrir um escritório na cidade de Gisele Bündchen no ano que vem e, por isso, vai passar a virada de 2016 por lá.

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Poltrona Erótica: um dos fetiches depois do sucesso de "Cinquenta Tons de Cinza" (Foto: Divulgação)

Poltrona erótica: um dos fetiches depois do sucesso de Cinquenta Tons de Cinza (Foto: Divulgação)

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Nos Estados Unidos e na Europa, boa parte dos locais de pernoite é bem funcional, ou seja, meio chocho, sem graça. Para os encontros íntimos, o pessoal lá de fora costuma reservar aposentos nos hotéis butique. Nos desenhos do Rei do Motel, há muito neon, luzes indiretas, espelhos, água e papeis de parede. Só não vale cama redonda. “São um fetiche, mas nada práticas. O casal dorme com os pés para fora”, diz.

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Os móveis também precisam ser resistentes para não limitar as performances passionais dos apaixonados. “Os estrangeiros perceberam que o design brasileiro é bem criativo. Só aqui tem piscina, chuveiro, hidromassagem e mobiliários eróticos em um mesmo ambiente.”

A suíte para festas do Harmony: 415 metros quadrados, capacidade para 300 pessoas, palco, cama suspensa, spa e entretenimento de todo o tipo, de fliperama a toboágua

A suíte para festas do Harmony, no Butantã: 415 metros quadrados, capacidade para 300 pessoas, palco, cama suspensa, spa e entretenimento de todo o tipo, de fliperama a toboágua

E dá-lhe imaginação para instigar os amantes. Entre as obras-primas de Freire, há uma no pequeno prédio no Harmony, logo aqui no Butantã. Trata-se de uma suíte enorme de festa com 415 metros quadrados, capacidade para 300 pessoas, palco, cama suspensa, spa e entretenimento de todo o tipo: de fliperama a toboágua. Custou 1 milhão de reais e uma noite sai entre 400 e 500 reais.

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Nova moda: suíte sadomasoquista inspirada em "Cinquenta Tons de Cinza" (Foto: Divulgação)

Nova moda: suíte sadomasoquista inspirada em Cinquenta Tons de Cinza para o Motel Classe A, na Mooca (Foto: Divulgação)

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Na onda da trilogia Cinquenta Tons de Cinza, fez uma suíte de sadomasoquismo inspirada no quarto do galã Christian Grey. O arquieteto leu o livro de E.L. James e reproduziu a cama vermelha, as correntes e os chicotes do herói romântico sádico. Para fazer a mulher sentir-se como a mocinha masoquista Anastasia Steele, seu par precisa desembolsar 274 reais para o pernoite no motel Classe A, na Mooca. “Essa onda ‘sado’ fez escola”, garante Freire, que também recebeu uma cacetada de encomendas para decorar suítes com algemas e cadeiras de couro em outros pontos do país.

Um iate no principal ambiente do Motel Riviera, na Rodovia Castello Branco (Foto: Divulgação)

Um iate no principal ambiente do Motel Riviera, na Rodovia Castello Branco (Foto: Divulgação)

Outra criação grandiosa foi a suíte Riviera, para o motel de mesmo nome na Rodovia Castello Branco. Reproduziu um iate Ferretti ancorado em um apartamento. Para dar a ideia de alto mar, projetou um píer com piscina, espreguiçadeiras e teto solar. Ali, dá para fazer uma festa para 46 pessoas por 510 reais.

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A cama do "iate" do motel (Foto: Divulgação)

A cama do “iate” do motel (Foto: Divulgação)

Entre os projetos futuros para a capital, Freire quer reproduzir um clube que visitou em Hong Kong, na China. “Lá, há locais que misturam spa, ponto de encontro e reuniões de negócios”, conta. A ideia inicial seria abrir esse empreendimento milionário na Liberdade neste ano. “Mas a lei não permitiu e devemos construir na Zona Norte ou Leste.”

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Uma das primeiras suítes temáticas de Freire. Na safari, havia um leão de pelúcia que rugia de acordo com a altura dos gritos do casal (Foto: Divulgação)

Uma das primeiras suítes temáticas de Freire. Na safári, havia um leão de pelúcia que rugia de acordo com a altura dos gritos do casal (Foto: Divulgação)

A criatividade do profissional fez escola em todo o país. No Acre, o empresário Ricardo de Freitas criou no seu Motel Classic suítes com avião, trem e ônibus. “Teria lancha também, mas aí veio a crise e a ideia afundou”, diz.

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Inspiração: o projetos temáticos do "Rei do Motel" inspiraram o empresário do Acre, Ricardo de Freitas, em criar um quarto com um avião (Foto: Divulgação)

Inspiração: os projetos temáticos do Rei do Motel inspiraram o empresário do Acre Ricardo de Freitas a montar um quarto com um avião (Foto: Divulgação)

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O interior do avião do motel do Acre

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Motel Classic no Acre: um ônibus como decoração (Foto: Divulgação)

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No interior do ônibus

Tímido, Freire nunca imaginou que teria tanto sucesso na área. Nasceu em Mogi das Cruzes, foi criado em Mongaguá, no litoral paulista, e se formou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos. No início da carreira, projetava casas no litoral. Depois de uma obra, recebeu o convite para trabalhar para o motel Harmony, no Butantã. Ficou lá por cinco anos até abrir seu escritório.

Na época, ele namorava a estudante de administração Adriana Cristina Santos. “Achei ótimo, porque enfim ele passou a morar em São Paulo, minha cidade, e pouco tempo depois, a gente se casou”, ela conta. Hoje, Adriana cuida da filha do casal, de 11 anos, e da contabilidade do escritório, que possui um time de seis profissionais.

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Inspiração de Bali para o Motel Censiv, na Marginal Tietê (Foto: Divulgação)

A família leva com bom humor o preconceito. Nas entrevistas de emprego, as candidatas a funcionárias costumam aparecer na sala em Moema ao lado de maridos ou pais. “Então se certificam que somos sérios”, diz Adriana. Todo dia, ela ouve de algum amigo do casal: “Estava com seu marido no motel”. E a moça responde: “Que bom, se ele estivesse num shopping, eu ficaria preocupada”. Finaliza, bem humorada: “Trabalhamos com muito prazer”.

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A banheira do “quarto safári”

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