De iate a safári: conheça a história e as suítes mais incríveis do arquiteto Ricardo Freire, o Rei do Motel
O escritório em Moema de 100 metros quadrados ficou pequeno para o arquiteto Ricardo Freire, de 51 anos, em 2015. Nos últimos meses, ele esteve em Luanda, capital de Angola, e Lisboa, em Portugal. Agora, passa uma temporada se revezando nas cidades de Miami e Boston, nos Estados Unidos. Freire está exportando seu principal know-how: […]
O escritório em Moema de 100 metros quadrados ficou pequeno para o arquiteto Ricardo Freire, de 51 anos, em 2015. Nos últimos meses, ele esteve em Luanda, capital de Angola, e Lisboa, em Portugal. Agora, passa uma temporada se revezando nas cidades de Miami e Boston, nos Estados Unidos. Freire está exportando seu principal know-how: o design de suítes de motéis.
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Desde a década de 90, acumula nada menos do que 700 projetos na área, em um custo individual de 50 000 reais, em média. Tem um dos raros estúdios especializados no ramo e assina plantas em casas famosas da cidade, como Harmony, Classe A e Riviera. Por conta disso, foi coroado por empresários do setor como o Rei do Motel. “Existe muito profissional que guarda um preconceito bobo. Eu não, fico lisonjeado com esse apelido”, afirma.
A fama correu o mundo e recentemente, Freire tem sido chamado para reformar empreendimentos do setor hoteleiro no exterior. Em janeiro, por exemplo, vai finalizar um hotel boutique em Boston, com planta de 6 milhões de dólares. “Os quartos terão pé direito alto e hidromassagem. Quero que os hóspedes tenham a sensação de liberdade, de ficar pelados no meio da rua”, explica. Ele estuda abrir um escritório na cidade de Gisele Bündchen no ano que vem e, por isso, vai passar a virada de 2016 por lá.
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Nos Estados Unidos e na Europa, boa parte dos locais de pernoite é bem funcional, ou seja, meio chocho, sem graça. Para os encontros íntimos, o pessoal lá de fora costuma reservar aposentos nos hotéis butique. Nos desenhos do Rei do Motel, há muito neon, luzes indiretas, espelhos, água e papeis de parede. Só não vale cama redonda. “São um fetiche, mas nada práticas. O casal dorme com os pés para fora”, diz.
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Os móveis também precisam ser resistentes para não limitar as performances passionais dos apaixonados. “Os estrangeiros perceberam que o design brasileiro é bem criativo. Só aqui tem piscina, chuveiro, hidromassagem e mobiliários eróticos em um mesmo ambiente.”
E dá-lhe imaginação para instigar os amantes. Entre as obras-primas de Freire, há uma no pequeno prédio no Harmony, logo aqui no Butantã. Trata-se de uma suíte enorme de festa com 415 metros quadrados, capacidade para 300 pessoas, palco, cama suspensa, spa e entretenimento de todo o tipo: de fliperama a toboágua. Custou 1 milhão de reais e uma noite sai entre 400 e 500 reais.
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Na onda da trilogia Cinquenta Tons de Cinza, fez uma suíte de sadomasoquismo inspirada no quarto do galã Christian Grey. O arquieteto leu o livro de E.L. James e reproduziu a cama vermelha, as correntes e os chicotes do herói romântico sádico. Para fazer a mulher sentir-se como a mocinha masoquista Anastasia Steele, seu par precisa desembolsar 274 reais para o pernoite no motel Classe A, na Mooca. “Essa onda ‘sado’ fez escola”, garante Freire, que também recebeu uma cacetada de encomendas para decorar suítes com algemas e cadeiras de couro em outros pontos do país.
Outra criação grandiosa foi a suíte Riviera, para o motel de mesmo nome na Rodovia Castello Branco. Reproduziu um iate Ferretti ancorado em um apartamento. Para dar a ideia de alto mar, projetou um píer com piscina, espreguiçadeiras e teto solar. Ali, dá para fazer uma festa para 46 pessoas por 510 reais.
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Entre os projetos futuros para a capital, Freire quer reproduzir um clube que visitou em Hong Kong, na China. “Lá, há locais que misturam spa, ponto de encontro e reuniões de negócios”, conta. A ideia inicial seria abrir esse empreendimento milionário na Liberdade neste ano. “Mas a lei não permitiu e devemos construir na Zona Norte ou Leste.”
A criatividade do profissional fez escola em todo o país. No Acre, o empresário Ricardo de Freitas criou no seu Motel Classic suítes com avião, trem e ônibus. “Teria lancha também, mas aí veio a crise e a ideia afundou”, diz.
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Tímido, Freire nunca imaginou que teria tanto sucesso na área. Nasceu em Mogi das Cruzes, foi criado em Mongaguá, no litoral paulista, e se formou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos. No início da carreira, projetava casas no litoral. Depois de uma obra, recebeu o convite para trabalhar para o motel Harmony, no Butantã. Ficou lá por cinco anos até abrir seu escritório.
Na época, ele namorava a estudante de administração Adriana Cristina Santos. “Achei ótimo, porque enfim ele passou a morar em São Paulo, minha cidade, e pouco tempo depois, a gente se casou”, ela conta. Hoje, Adriana cuida da filha do casal, de 11 anos, e da contabilidade do escritório, que possui um time de seis profissionais.
A família leva com bom humor o preconceito. Nas entrevistas de emprego, as candidatas a funcionárias costumam aparecer na sala em Moema ao lado de maridos ou pais. “Então se certificam que somos sérios”, diz Adriana. Todo dia, ela ouve de algum amigo do casal: “Estava com seu marido no motel”. E a moça responde: “Que bom, se ele estivesse num shopping, eu ficaria preocupada”. Finaliza, bem humorada: “Trabalhamos com muito prazer”.
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