São Paulo nas Alturas Por Raul Juste Lores Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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De 1945, prédio agradou elite no Guarujá, então com 7000 habitantes

Conheça o Edifício Sobre as Ondas, cujo projeto era de uma modernidade rara até em São Paulo

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 jan 2020, 14h15 - Publicado em 24 jan 2020, 06h00
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  • Menos de dois meses após o fim da II Guerra Mundial, a prefeitura do Guarujá aprovou a construção do Edifício Sobre as Ondas, em outubro de 1945. O projeto era de uma modernidade rara até na capital. A curva da torre conversava com a privilegiada localização — um promontório sobre pedras que divide as praias de Pitangueiras e Asturias — e demonstrava que o vocabulário autóctone de Oscar Niemeyer para o modernismo de Le Corbusier começava a produzir inspirados herdeiros.

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    No passado: sozinho na paisagem (Reprodução/Reprodução)

    A elite paulistana de então frequentava o cassino do Guarujá e alguns poucos hotéis (Santos Dumont se suicidou em um deles, o La Plage, em 1932). Ao contrário de Santos, a segunda maior cidade do estado em 1940, o Guarujá era quase desabitado: tinha 7 000 habitantes. A construção da Via Anchieta fez o médico Roberto Braga pensar em um prédio de apartamentos de frente para o mar (um dos únicos anteriores, o Edifício Monduba, projetado por Rino Levi, ainda estava sendo erguido).

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    Ele buscou a ajuda do jovem arquiteto santista, radicado na capital, Oswaldo Corrêa Gonçalves para escolher o terreno (ali ficava o pequeno Hotel Orlandi) e também para atrair um arquiteto mais experiente para a empreitada, Jayme Fonseca Rodrigues. Porém Rodrigues morreu apenas um ano depois, aos 41 anos, e Gonçalves, que não tinha nem 30, tocou a obra até sua finalização, em 1951.

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    Curvas chamam atenção (Patrícia Furquim/Veja SP)

    Com restaurante, salão de jogos, 44 unidades de um quarto, outras 44 divididas entre apartamentos de dois e três quartos, e duas coberturas, o Sobre as Ondas vendeu como pãozinho quente. Pastilhas cerâmicas em tons de azul foram aplicadas na fachada, e o térreo tem pé-direito duplo, com direito a brisa.

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    O projeto é dos arquitetos Jayme Rodrigues e Oswaldo Gonçalves (Patrícia Furquim/Veja SP)

    Pouco depois de entregue o prédio, Braga quis fazer uma casa de praia anexa ao Sobre as Ondas. Convidou Gregori Warchavchik para projetá-la, mas este, que estava pilotando o projeto da sede do Clube Paulistano e tinha acabado de criar sua construtora, passou a pequena encomenda a dois de seus assistentes, Henrique Verona Cristofani e Haim Vaidegorn, que entregaram em 1956 a “Residência sobre as Pedras” — as rochas estão perfeitamente integradas. O dono queria um bar em casa — e assim nasceu o pequeno anexo em forma de concha, de vidro e concreto, acessível por uma passarela.

    Na casa anexa, desenhada pela dupla Verona e Vaidegorn, o bar, em forma de concha, fica separado (André Gomes/Veja SP)

    Acessibilidade ainda é tema importante por lá: uma ciclofaixa recém-aberta em frente ao Sobre as Ondas complicou a vida dos moradores — o prédio não tem garagem. “Estão multando e até xingando quem tenta apenas desembarcar com sacolas ou malas, mesmo gente de idade”, diz a moradora Patricia Furquim. Certas polêmicas paulistanas também chegaram ao litoral.

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    Publicado em VEJA SÃO PAULO de 29 de janeiro de 2020, edição nº 2671.

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