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Poder SP - Por Sérgio Quintella

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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Prefeitura derruba 40 casas em loteamento clandestino na Guarapiranga

Local, às margens da represa, tem 130 000 metros quadrados e foi denunciado por Vejinha em 2020

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 ago 2021, 11h13 - Publicado em 18 ago 2021, 11h04
Imagem feita com drone mostra terreno de 130 000 metros quadrados totalmente desmatado
“Condomínio” irregular é erguido próximo à Represa Guarapiranga: negócio de 6 milhões de reais (Marcelo Sonohara/Veja SP)
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A prefeitura de São Paulo, em ação conjunta com a Polícia Militar Ambiental, derrubou na terça-feira (17) quarenta casas que estavam sendo construídas em um loteamento clandestino, com 130 000 metros quadrados, localizado na Estrada do Cumbica, na Vila Gilda, na região do M´Boi Mirim, a cem metros da Represa de Guarapiranga.

O local, que tem o tamanho do Parque da Água Branca, abrigava anteriormente chácaras com vegetação nativa e estava demarcado para receber 345 edificações. Mesmo sem alvará e licenciamento, o empreendimento criminoso contava com ligação regular de água, esgoto e iluminação. A história do terreno e de outros no entorno foi contada por Vejinha em outubro do ano passado, em reportagem de capa com o título “A boiada é aqui”.

Imagem mostra o antes e o depois de um desmatamento na Estrada do Cumbica, nas margens da Represa de Guarapiranga
Área rural (no alto) deu espaço a um loteamento de 130 000 metros quadrados (acima) na Vila Gilda. No destaque, árvores que foram cortadas em local que deverá abrigar novos empreendimentos: anúncios em pontos de ônibus (Google Street View/Sérgio Quintella/Veja SP)

Na ocasião, a matéria mostrou que a falta de autorização ou autuação da municipalidade não era impeditivo para as diversas fases da obra, do desmatamento-relâmpago ao anúncio feito por “corretores” do pedaço.

Um desses agentes, chamado William, divulgava a empreitada clandestina em cartazes “lambe-lambes” colados em pontos de ônibus e em postes da região. As redes sociais e sites de comércio on-line também eram utilizados. “Para você eu faço o terreno por 20 000 (reais) à vista. O preço oficial é de 50 000 reais. É pegar ou largar”, afirmou o sorridente vendedor, por telefone, que dizia indicar bons construtores para erguer as casas.

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Parcelado, o valor da terra sobia um pouco, para 25 000 reais, e podia ser pago por meio de boleto bancário por até quatro anos. “Entregaremos o condomínio em no máximo um ano, com toda a infraestrutura de água, luz, esgoto, energia”, prometeu William. Só faltou combinar com o entorno, cercado por ruas de terra, sem iluminação pública, transporte coletivo, serviços e comércios. Questionado se aceitava pagamento via Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a resposta foi, claro, negativa. “Não temos a escritura individual dos lotes, somente a documentação total.” Com a venda dos 345 terrenos, o negócio geraria um faturamento bruto de 6,9 milhões de reais.

Imagem mostra casas sendo construídas em áreas de proteção ambiental nas margens da represa de Guarapiranga
Casas em construção em loteamento clandestino: vitória parcial (Polícia Ambiental/Divulgação)

Os quarenta proprietários das casas derrubadas deverão ficar sem o dinheiro investido na terra e nas construções. No terreno, três moradias não puderam ser derrubadas porque os moradores já habitavam as residências. Nesse caso, a reintegração de posse precisa de autorização específica do juiz.

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Idealizador de um dossiê que contabilizou centenas de ações idênticas na metrópole, incluindo o terreno da Vila Gilda, o ex-vereador Gilberto Natalini disse que o caso é uma vitória parcial, mas que está longe de representar um ganho em escala. “Nossa luta valeu a pena. Pena que a destruição é muito grande, e as árvores estão no chão. Não voltam mais”.

O espaço da ação de terça-feira, que já estava embargado, vai permanecer com guarda 24 horas por dia.

 

 

 

 

 

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