Polêmica, demolição do tobogã do Pacaembu tem ‘apito inicial’
Derrubada da emblemática arquibancada marca começo das obras no estádio, e intermináveis brigas na Justiça prometem manter as discussões em jogo
Por volta das 8 horas da última terça-feira (29), as pás de três tratores passaram a contar o fim de uma história que data de 1970. O polêmico tobogã, arquibancada para 10 000 pessoas no Estádio do Pacaembu, começou a ser derrubado para a construção de um prédio de nove andares. A obra, prometida para ficar pronta em outubro de 2023, faz parte do processo de concessão do complexo esportivo Paulo Machado de Carvalho, concluído em novembro de 2019, quando o então prefeito Bruno Covas assinou, juntamente com a concessionária Allegra, a transferência da posse do espaço, inaugurado em 1940. Pelo direito de exploração do Pacaembu por 35 anos, a empresa pagou 115 milhões de reais e investirá outros 285 milhões de reais.
“A obra é simples do ponto de vista de engenharia e complexa do logístico, pois o espaço é muito concentrado. Temos de pensar nos refeitórios dos trabalhadores, no canteiro”, afirma Eduardo Barella, CEO da concessionária. “Depois da demolição do tobogã, partiremos para a construção do edifício. Na sequência, seguiremos para as arquibancadas laterais e, por último, restauraremos o clube.”
Enquanto as obras ocorrem em parte do complexo, Barella prevê a realização de eventos pontuais em locais que ainda não receberão os trabalhos. “Como o restauro do clube só vai acontecer no ano que vem, planejamos fazer algo concentrado. Na estrutura do tênis, que é charmosa, programamos em novembro deste ano o primeiro campeonato brasileiro de MMA.” Outros eventos deverão ocorrer, ainda sem data definida, como jogos de e-esportes.
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Quando ficar pronto, o novo Pacaembu terá, no térreo do edifício, uma esplanada que vai interligar o campo ao complexo esportivo, passagem atualmente obstruída pelo tobogã. No topo da edificação, uma praça elevada ligará as ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis, cada uma de um lado do estádio. Nos andares superiores e subterrâneos haverá escritórios e restaurantes, além de um centro de convenções. Por contrato, a Allegra vai manter a gratuidade dos equipamentos do centro esportivo, como piscina e pista de cooper.
Principal “inimiga” da concessão, a Associação Viva Pacaembu, que entrou com dois processos na Justiça para barrar a empreitada, foi derrotada recentemente em uma ação que pedia a proteção do tobogã, alegando que o espaço havia sido tombado juntamente com todo o complexo. Ao negar a liminar, o desembargador Spoladore Dominguez, da 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça, abriu caminho para a derrubada, seguindo o mesmo entendimento dos órgãos estadual e municipal do patrimônio (Condephaat e Conpresp). “O mérito não foi julgado. E se lá na frente o juiz entender que o tobogã não deveria ser demolido vai mandar reconstruir? Não sabemos. Prosseguiremos com a ação”, afirma o advogado Sergio Livovschi, diretor da associação.
Idealizador do principal ponto de discórdia do estádio, o arquiteto Alberto Martino disse à Vejinha em 2019 que não tem apego pelo espaço e não se importa com a derrubada. “Cada trabalho tem seu tempo. Daqui a vinte anos podem achar que esse novo prédio não serve mais, derrubá-lo e fazer um belo parque.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 07 de julho de 2021, edição nº 2745
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