De jantares à “traição”: a relação de Marta Suplicy e Ricardo Nunes
Ex-prefeita enviou nesta terça (9) carta de demissão ao prefeito e será vice de Boulos
Na noite de 17 de maio de 2021, poucas horas depois do término do seu primeiro dia como prefeito efetivado de São Paulo, Ricardo Nunes ainda chorava a perda de Bruno Covas (morto na véspera) quando partiu para o último compromisso da data: um jantar na casa da então secretária de Relações Internacionais, Marta Suplicy, de seu partido, o MDB.
Os preparativos para o encontro foram presenciados por Vejinha após a primeira entrevista de Nunes na cadeira definitiva de governante. Leia a reportagem aqui.
Acompanhado da esposa, Regina, o prefeito esteve outras diversas vezes na residência de Marta, assim como o contrário. As famílias conviveram em diversas ocasiões.
Três anos e oito meses depois, o mesmo mandatário paulistano se prepara para publicar a demissão da sua (ainda) amiga e secretária, após Marta decidir apoiar a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), à prefeitura, justamente contra Nunes, seu agora ex-chefe.
“Neste momento em que o cenário político de nossa cidade prenuncia uma nova conjuntura, diferente daquela que, em janeiro de 2021, tive a honra de ser convidada por Bruno Covas para assumir a Secretaria Municipal de Relações Internacionais, encaminho, nesta data, de comum acordo, meu pedido de demissão deste cargo”, escreveu Marta, em ofício enviado na noite desta terça-feira (9).
O termo “comum acordo” também é usado por Nunes. “O prefeito chamou nesta terça-feira, 9, Marta Suplicy na sede da prefeitura para esclarecer as informações veiculadas pela imprensa e ficou decidido, em comum acordo, que ela deixa as suas funções na secretaria”, afirma Nunes, em nota.
Até o meio da tarde, Ricardo Nunes ainda fazia crer que a possível “traição” de Marta Suplicy, que se encontrou na véspera com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, durante evento pela lembrança do 8 de Janeiro de 2023, não seria concretizada.
Aliás, desde que os primeiros rumores de reaproximação de Marta-Lula-Boulos pipocaram, o entorno do prefeito paulistano tratou logo de afirmar que a migração de lado por parte de Marta seria vista como “uma das maiores traições que a política de São Paulo já viu”, nas palavras de um assessor.
O tema deverá ser explorado na campanha, assim como frases da ex-prefeita contra Boulos e membros do PT, como Fernando Haddad, chamado por Marta Suplicy de “pior prefeito que São Paulo já teve”.