Bala Loka: quem é o paulista que vai à final do ciclismo em Paris
Atleta de 21 anos ganhou a primeira bicicleta após pai comprar quadro em ferro-velho
Como uma bala disparada, a vida esportiva de Gustavo Batista de Oliveira, 21, mudou em pouquíssimo tempo. Até três anos atrás, quando ocorreu a última edição dos Jogos Olímpicos, no Japão, o menino nascido e crescido em Carapicuíba não fazia ideia de que estaria não apenas de malas prontas para a Olimpíada de Paris, como teria chances reais de levar para casa uma medalha na modalidade BMX Freestyle Park.
Entre uma pirueta e outra, ele foi bronze nos Jogos Sul-Americanos de Assunção, no Paraguai, em 2022, e garantiu no ano seguinte a inédita décima posição para um brasileiro em uma etapa na Copa do Mundo de BMX. “O primeiro objetivo já foi, que era conquistar a vaga olímpica. Agora vamos brigar mais”, diz Gustavo.
Aliás, se perguntarem pelo Gustavo nas rampas e pistas de terra em “Caracas”, como ele e seus amigos se referem a Carapicuíba, dificilmente alguém saberá dizer quem é. “Só me conhecem por Bala Loka”, diz o atleta, que ganhou o apelido após passar rápido demais por uma rampa e levar um tombo daqueles. “Quando acordei de um leve desmaio, um amigo falou que eu passei igual a uma bala. O outro falou que a bala era louca. Virei o Bala Loka”, ri.
O acidente com Bala ocorreu com sua primeira bicicleta, que ele chama carinhosamente de Frankenstein. “Meu pai foi a um ferrovelho, viu o quadro de uma velha Caloi e levou para casa. Depois, foi montando com peças que ia comprando, e ganhei minha primeira BMX”, afirma o menino, com o brilho nos olhos de quem vê na Frankenstein um troféu que hoje fica exposto na parede de casa.
“Nunca tive vergonha da bike, que era feia, fazia barulho, mas era minha. Agora estou montando outra, com peças importadas, para usar nos Jogos”, diz o jovem, que embarcou para Paris na última segunda (22). Os treinos por lá começam nesta sexta (26) e, no dia 30, ocorre a primeira classificatória. A prova final será no dia 31.
Na família Oliveira, não foi apenas Gustavo quem perdeu a identidade original e ganhou um apelido. Seu pai, Edvaldo, também não é mais lembrado pelo nome civil. “agora só chamam ele de ‘o pai do Bala'”, ri o rapaz.