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Fértil cena paulistana se reúne para homenagear Vinicius de Moraes

Projetos que se propõem a fazer alguma releitura ou a homenagear algum ícone da música podem render noites vexatórias. Mas quando a produção cai nas mãos certas (leia: músicos sérios e talentosos), projetos deste tipo podem se tornar memoráveis, como prometem ser as apresentações de quarta (6) e quinta (7) no Sesc Vila Mariana. Na […]

Por Leonam Bernardo
Atualizado em 26 fev 2017, 23h40 - Publicado em 5 nov 2013, 17h14
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Cantores e músicos no estúdio: dois shows com ingressos esgotados (Foto: Leco de Souza)

Projetos que se propõem a fazer alguma releitura ou a homenagear algum ícone da música podem render noites vexatórias. Mas quando a produção cai nas mãos certas (leia: músicos sérios e talentosos), projetos deste tipo podem se tornar memoráveis, como prometem ser as apresentações de quarta (6) e quinta (7) no Sesc Vila Mariana. Na ocasião, boa parte dos instrumentistas mais criativos da cena atual sobem ao palco para lembrar o centenário de nascimento de Vinicius de Moraes com ingressos esgotados. Intitulado Afrosampa – Releitura Urbana, o show tem como proposta central fazer uma releitura contemporânea do disco Os Afrosambas, de 1966 – fruto das letras de Vinicius e da música de Baden Powell.

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A ideia do projeto é antiga. Surgiu de uma conversa entre o baterista Décio 7 (Bixiga 70) e a produtora Katia Cesana. O músico se juntou ao guitarrista Guilherme Held (com quem assina a direção do show) e, durante seis meses, trabalharam sem saber se tudo aquilo sairia do papel. Após audições, reuniões, uma banda formada e datas agendadas, o seleto grupo vem se reunindo em um estúdio do Bixiga para ensaios de até seis horas. “Os Afrosambas era a obra do Vinicius com que a gente tinha mais afinidade”, diz Décio 7. “Mas como a nossa rapaziada não é muito adepta de covers, a gente buscou não ficar preso à estética do disco. Nos apropriamos para fazer alguma coisa que acrescentasse para gente e para a obra”. “Gostamos tanto do LP, que dá até medo de mexer. Estamos trabalhando com audácia, mas também com respeito”, completa Gui.

Quem está acostumado a frequentar os shows do pessoal da nova cena paulistana, consegue identificar o motivo de cada músico e cantor escalado para o projeto. Todos têm uma forte ligação com a linguagem do disco e com a cultura africana. No trabalho original, Baden e Vinicius foram acompanhados pelo maestro Guerra Peixe e pelas vozes do Quarteto em Cy. A banda responsável pela releitura, por sua vez, tem entre os integrantes Kiko Dinucci (guitarra e violão), Marcelo Cabral (baixo acústico e elétrico), além de Décio (bateria e percussão) e Gui (guitarra). Os microfones serão assumidos pela incrível Juçara Marçal, que dividirá os vocais com Kika em Tristeza e Solidão e Canto de Iemanjá. Kiko Dinucci deve atacar em Canto do Caboclo Pedra Preta, enquanto Marcelo Pretto surge em Bocochê (ao lado de Kika). Criolo reforça a equipe. Com a presença forte de sempre e sensibilidade está encarregado por Canto de Ossanha.

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A capa do LP: letras de Vinicius e música de Baden Powell

Décio e Gui chegaram aos ensaios com algumas bases já estabelecidas, mas deixaram espaço para todos os envolvidos acrescentarem as suas marcas e influências. O trabalho coletivo/colaborativo, inclusive, espelha o perfil da cena na qual estão envolvidos.  “Deixamos todo mundo jogar os seus temperos no caldeirão para ver no que ia dar”, comenta Décio. “As pessoas foram escolhidas a dedo, sabíamos da critividade de cada um, por isso levantamos as músicas juntos”, acrescenta Gui.

Como Os Afrosambas lista oito faixas, o roteiro do show foi enriquecido com outras canções que dialogam com o trabalho. Coube ao jornalista Ronaldo Evangelista a pesquisa de repertório. A princípio, apenas as duas apresentações do Sesc Vila Mariana foram marcadas. Mas a dupla de diretores não esconde a vontade de realizar mais exibições. “Todos estão ensaiando com uma entrega tão grande. É como se fosse para alguma coisa ainda maior”, afirma Gui. De qualquer forma, a boa notícia é que a parceria entre Décio 7 e Guilherme Held está apenas no começo.

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