Imagem Blog

Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
Continua após publicidade

Paribar, no Centro, anuncia o fim das atividades

Proprietário diz que questões administrativas e a violência no Centro contribuíram para o fim do bar, que tem passado histórico

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
23 set 2022, 16h42
Pessoas na calçada em bar
Paribar, ponto tradicional do Centro da capital (Alexandre Battibugli/Veja SP)
Continua após publicidade

O tradicional Paribar, no Centro, anunciou o encerramento das atividades. Instalado na Praça Dom José Gaspar, o bar vai funcionar só até o almoço de segunda (26), última chance de tomar um drinque ou petiscar no endereço de passado histórico.

A casa, que fica atrás da Biblioteca Mário de Andrade e fazia um sucesso entre a intelectualidade paulistana, operou entre os anos 50 e 80, quando fechou. Ressurgiu no mesmo imóvel em 2010, nas mãos do empresário Luiz Campiglia, que inicialmente desconhecia o passado do imóvel. No ponto, ele tocava um café-restaurante desde 2005. Após ouvir histórias de ex-frequentadores, pesquisou sobre o local e ressuscitou o bar à sua maneira, bem distante do original.

O Paribar, então, vai fechar pela segunda vez.

Paribar - ambiente de bar com pessoas
Paribar: ambiente na época da reabertura (Fernando Moraes/Veja SP)

Quem me contou a notícia foi o próprio Campiglia, por telefone, na tarde de quinta (22). “Não tive recursos de fora. Foi heroico e foi muito desgastante”, disse ele sobre sua trajetória no negócio. “Entre 2013 e 2014, tivemos um crescimento elevado, e, em 2015, 2016, eu já estava com uma operação muito grande para um proprietário só.”

Continua após a publicidade

Problemas com o contrato de locação e o aumento da violência no Centro também contribuíram para o fechamento, além das questões administrativas. “O Centro nunca foi dos lugares mais tranquilos, mas a pandemia aumentou a miséria na rua. Sou da bandeira de que miséria não é violência — o cliente já não gosta muito. No fim do ano passado, começo desse ano, a violência começou a saltar em cima.”

Ao mesmo tempo, a clientela que reúne gays, héteros, famílias com crianças e turistas foi rareando desde o início do ano. Nem parecia o Paribar do início dos anos 2010, quando as mesas bombavam durante a semana e também aos fins de semana, no brunch. Outro hit que fazia o espaço receber ainda mais gente eram as festinhas que rolavam em frente e tomavam conta da praça, entre elas a Selvagem.

Foto em preto e branco de calçada
Mesas na calçada e toldo verde e branco: foto antiga do acervo (Acervo Paribar/Divulgação)

Campiglia, porém, não desistiu da região. Prepara a abertura de um estabelecimento no Centro, que “terá a ver com a minha pesquisa sobre o papel da comida na formação da cidade de São Paulo”, prometeu. “De novo, quero transformar mais uma parte do Centro.”

Continua após a publicidade

Numa crônica escrita em 1998 para a Vejinha, o escritor Marcos Rey (1925-1999) recordou: “O Paribar, atrás da Biblioteca Pública Municipal, foi um dos nossos bares mais frequentados. Cheguei a acreditá-lo eterno, um postal da cidade. Lá se servia de tudo, até o papo inteligente de Sérgio Milliet, então o mais refinado dos intelectuais paulistas. Era delicioso sentar-se no Paribar e ver o povo passar”.

Para ficar por dentro do universo dos bares e da gastronomia, siga @sauloyassuda no Instagram e no Twitter.

+Assine a Vejinha a partir de 9,90.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 39,96/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.