“Um Passeio no Bosque”: peça propõe diálogo das diferenças
Dirigido por Marcelo Lazzaratto, o drama, escrito pelo americano Lee Blessing em 1988, encontra ecos resistentes nas relações internacionais
Um encontro entre dois homens visados, longe dos refletores e da atenção dos jornalistas, é marcado em um parque de uma cidade suíça. São eles diplomatas — o russo Andrey (interpretado por Beto Bellini), que caminha a passos largos para a aposentadoria, e o jovem americano John (papel de Gustavo Merighi), que, com a energia dos novatos e ciente das pressões, ainda confia em seu taco para colaborar na construção de um novo mundo.
Esse é o ponto de partida de Um Passeio no Bosque, drama escrito pelo americano Lee Blessing em 1988, capaz de encontrar ecos resistentes nas relações internacionais. Sob a direção de Marcelo Lazzaratto, a dupla de atores traz à tona questões que envolvem guerra e paz, políticas armamentistas e o impacto das pesquisas nucleares.
O palco praticamente nu tem um banco em seu centro, e a ambientação da natureza é apenas sugerida pelo desenho de luz criado pelo próprio diretor. Ainda que bem aproveitado, o diálogo travado pelos intérpretes resulta um tanto discursivo diante do minimalismo da montagem.
+ Confira os indicados ao Prêmio Shell.
A dupla, no entanto, tira bom partido dos personagens. Beto Bellini convence na composição do veterano. Não esconde um certo ceticismo, mas gasta sem receio a lábia na tentativa de conquistar a amizade do interlocutor e, quem sabe, adiar um pouco mais as negociações. Gustavo Merighi transmite com empenho a firmeza e o idealismo de John, salientando a obstinação em fazer valer aquele encontro e não torná-lo mais uma mera formalidade social (90min). 14 anos. Estreou em 20/9/2019.
+ Espaço Elevador. Rua Treze de Maio, 222, Bela Vista. Nesta sexta (20) e sábado (21), 21h; domingo (22), 19h. R$ 40,00. O espetáculo volta ao cartaz na SP Escola de Teatro — Sede Roosevelt em 1 de fevereiro, de sexta a segunda, até 17 de fevereiro.