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Carolina Manica, Flavio Barollo, Isa Bela Alzira e Bruno Perillo na versão que estreia em 14 de novembro (Foto: Ligia Jardim)
O dramaturgo sueco August Strindberg (1849-1912) teve o centenário de sua morte lembrado oficialmente em maio. Nos palcos paulistanos, as homenagens – para usar uma palavra mais careta – começaram bem antes e ainda não terminaram. Escrito em 1888, “Credores”, talvez sua obra-prima, enfoca o equilíbrio delicado de um casal ameaçado pela chegada de um estranho. Devotado à mulher, Tekla, Adolfo é um jovem artista plástico que não percebe a própria submissão. Ao conhecer o médico Gustavo, aos poucos, ele se enreda em uma teia que o faz duvidar do caráter da companheira.
Em 14 de novembro, a Cia. Mamba de Artes estreia no Teatro do Sesc Ipiranga a terceira versão de “Credores” apresentada na cidade esse ano. Sob a direção de Nelson Baskerville, a trama é atualizada e os atores – Bruno Perillo, Carolina Manica e Flavio Barollo – emprestam seus próprios nomes aos personagens. Característica das encenações de Baskerville, a música tem papel forte, e o elenco canta Chico Buarque, Caetano Veloso, Ivan Lins e Gonzaguinha. Outra inovação é a inclusão de um quarto personagem, vivido pela atriz Isa Bela Alzira.
Como clássicos, clássicos são, o legal é descobrir de que forma o texto será relido por um certo diretor ou por aquele novo elenco. Sendo assim, “Credores” e os admiradores de Strindberg só tiveram a ganhar com as sucessivas encenações. Lançada ainda em 2011, a montagem dirigida por Elias Andreato, batizada de “Cruel”, escalou os atores Reynaldo Gianecchini, Maria Manoella e Erik Marmo. Uma leitura questionável e carente de rigor, mas que caiu no agrado do público, que correu ao Teatro Faap para ver Gianecchini. A temporada da peça foi cancelada dois meses depois de iniciada, assim que o galã descobriu estar com um câncer, e voltou ao cartaz em fevereiro desse ano, com ele já recuperado.
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José Roberto Jardim e Chris Couto na encenação dirigida por Eduardo Tolentino de Araújo (Foto: Camila Miranda)
Também estreou no ano passado, mas só engatou a primeiro temporada oficial em janeiro de 2012 a adaptação assinada por Eduardo Tolentino de Araújo. Calcado em uma atmosfera de vulnerabilidade, o diretor do Grupo Tapa construiu, com falso despojamento e múltiplas intenções, sua versão para o texto protagonizada por Sergio Mastropasqua, Chris Couto e José Roberto Jardim. O discurso criado por Strindberg há mais de um século conserva plena crueldade a respeito do casamento, e Tolentino, como sempre, valorizou as palavras.