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O casamento de sucesso de Miguel Falabella e Marília Pêra em “Alô, Dolly!”

Em meio à febre de musicais que assola o país, pode ser feita uma pergunta. Existem tantos expoentes significativos do gênero para dar conta da produção incessante? Lançado na Broadway em 1964, “Alô, Dolly!” foi montado no Brasil dois anos depois por Bibi Ferreira e não figura entre os preferidos da carreira da grande estrela. […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 11h15 - Publicado em 14 mar 2013, 15h26
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Miguel Falabella e Marília Pêra: encenação sob medida para suas estrelas (Foto: Caio Gallucci)

Em meio à febre de musicais que assola o país, pode ser feita uma pergunta. Existem tantos expoentes significativos do gênero para dar conta da produção incessante? Lançado na Broadway em 1964, “Alô, Dolly!” foi montado no Brasil dois anos depois por Bibi Ferreira e não figura entre os preferidos da carreira da grande estrela. Tem uma história extremamente simples, às vezes antiquada, não exige uma chuva de efeitos visuais e os números musicais são singelos. Então, afinal de contas, por que Miguel Falabella e Marília Pêra decidiram reencená-lo?

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A resposta é simples. Trata-se de um texto delicioso, que permite aos protagonistas brilharem à vontade e funciona como um belo divertimento. Quem busca um programa leve, sem ousadias estéticas ou pirotécnicas, não vai ficar desapontado diante da versão dirigida por Falabella para o original escrito por Michael Stewart com letras e melodias de Jerry Herman. Confira no Teatro Bradesco, do Bourbon Shopping.

“O casamento é um artifício sob o qual um homem convence uma empregada de que ela é a patroa”, afirma Dolly Levy (interpretada por Marília), e a plateia cai de imediato na risada, despreocupada com o teor machista da piada. Prática ao extremo, a personagem é uma viúva especialista em unir solitários ou, em outras palavras, uma cafetina disfarçada de casamenteira. O coração já se sente vulnerável – e o bolso desfalcado – quando ela encontra um novo cliente, o avarento e mal-humorado comerciante Horácio Vandergelder (papel de Falabella). Sem que ele se dê conta, Dolly o faz cair em uma série de armadilhas – no melhor estilo dos vaudevilles – até perceber que a própria, sim, pode ser a mulher ideal para desposá-lo.

Entre dezesseis instrumentistas sob a direção musical de Carlos Bauzys e outros 27 atores, a dupla pinta e borda na afinada parceria. Marília investe na dissimulação de Dolly, valorizando cada uma de suas hilárias falas, e demonstra domínio nos números musicais. Uma surpresa é ver Falabella seguindo à risca uma composição do personagem. Se nas mais recentes incursões, “Os Produtores” e “A Gaiola das Loucas”, o ator se deixava dominar pelo improviso e aparecia como uma caricatura desgastada de si mesmo, aqui ele se mostra bem mais contido e disposto a dividir o brilho com Marília. Não canta bem, mas também sabe que seu carisma substitui a técnica. Os coadjuvantes Alessandra Verney, Frederico Reuter, Thiago Machado, Brenda Nadler e Ubiracy Paraná do Brasil garantem o suporte dos astros sem parecerem meros adereços em cena.

“Alô, Dolly!” é uma superprodução criada sob medida para seus protagonistas. Não busca socializar o elenco e tampouco oferecer uma encenação surpreendente ou inovadora. É conservadora na essência e, por assumir essa característica, justifica a reedição. Principalmente, claro, por propiciar um saboroso encontro de Miguel Falabella e Marília Pêra, capaz de satisfazer plenamente o amplo público dos dois.

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