“O Monstro”: Genézio de Barros e a precisão técnica
O ator é o protagonista do monólogo dramático, uma adaptação do conto homônimo de Sérgio Sant’Anna, que cumpre temporada no Teatro Vivo
Sonho de vaidade ou autoafirmação de muitos artistas, o monólogo é um gênero traiçoeiro. A precisão técnica emprestada pelo ator Genézio de Barros ao espetáculo O Monstro, adaptação do conto homônimo de Sérgio Sant’Anna, revela-se a essência da montagem, dirigida por Hugo Coelho.
Na trama, o filósofo Antenor Lott Marçal é um intelectual de classe média, com hábitos comuns. Em uma tarde de sábado, ele visita a namorada, a executiva Marieta, e, por lá, conhece Frederica, uma garota que, de imediato, exerce um fascínio no casal. O jogo de sedução, estimulado por Marieta, se estabelece. O excesso de álcool, o apoio de outras drogas e muita excitação conduzem Antenor e Marieta a uma situação extrema, agora detalhadamente narrada pelo protagonista à plateia.
+ “Insones” e a angústia contemporânea.
O espectador, preso na poltrona, fica perplexo com os rumos da narrativa. Genézio de Barros, com seu porte físico comum e fala serena, realiza a façanha de tornar o interlocutor um cúmplice e jamais um juiz. É nesse cuidado que reside a forma de sua interpretação, muito mais firme e calculada que as ações dos personagens.
O experiente ator elimina arroubos e foge da autopiedade. Reproduz um sujeito sensato que perdeu o juízo e, disposto a responder por suas atitudes, se mostra até ingênuo no ato confessional (70min). 16 anos. Estreou em 5/6/2018.
+ Teatro Vivo. Avenida Doutor Chucri Zaidan, 2460, Morumbi. Terça e quarta, 20h. R$ 50,00. Até 1º de agosto.