Cacilda Becker deixou “Esperando Godot” para eternizar o mito
Em 1969, a atriz sofreu um derrame no intervalo da apresentação da peça de Samuel Beckett e morreu 38 dias depois
Talvez o maior ícone do teatro brasileiro, Cacilda Becker (1921-1969) se despediu da vida com a mesma intensidade dedicada ao palco em mais de duas décadas de carreira. A atriz paulista sofreu um derrame cerebral em um dos intervalos do espetáculo “Esperando Godot”, em que contracenava com o marido, Walmor Chagas, no dia 6 de maio de 1969. Encaminhada ao Hospital São Luís, ela morreu em 14 de junho depois de 38 dias de internação para se eternizar como o mito que já era em vida. Cacilda foi enterrada no dia seguinte no Cemitério do Araçá.
“Esperando Godot”, um dos mais celebrados textos do irlandês Samuel Beckett, ganhou direção de Flávio Rangel no teatro que levava o nome da atriz, o TCB, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, de cara com a Rua Major Diogo. Cacilda representava o papel do vagabundo Estragon, que ao lado do companheiro Vladimir (papel de Walmor), anseia pela chegada do personagem citado no título.
Quase cinco décadas depois, “Esperando Godot” segue implacável como uma das obras mais montadas do teatro universal. Só no ano passado três versões do texto ocuparam os palcos paulistanos. Duas delas, aliás, continuam em cartaz nesse início de ano. Elias Andreato dirige e divide o palco com Claudio Fontana na encenação que pode ser conferida de sextas a domingos no Tucarena. Cesar Ribeiro, por sua vez, comanda os atores do grupo Garagem 21 em uma fusão de história em quadrinhos, desenho animado e dança em cartaz no Viga Espaço Cênico aos sábados e domingos.