“Billy Elliot — O Musical”: versão brasileira foge de polêmicas
A discussão em torno do preconceito surge minimizada em comparação ao filme, e os obstáculos do garoto bailarino são mais financeiros que comportamentais

O filme do britânico Stephen Daldry foi adaptado para os palcos londrinos com texto de Lee Hall e músicas de Elton John e, desde 2005, recebeu os aplausos de 8 milhões de pessoas pelo mundo afora. Em versão brasileira, assinada por Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaler, Billy Elliot — O Musical mantém, claro, a cativante história de superação, mas não escapa de um cuidado excessivo com o politicamente correto.
O protagonista (vivido por Pedro Sousa, Richard Marques e Tiago Fernandes, em revezamento) é um menino de 11 anos que descobre um talento ímpar para a dança. Seu desafio é convencer o pai (papel de Carmo Dalla Vecchia) e o irmão (o ator Beto Sargentelli), operários machistas da mineração, de que as sapatilhas de balé são tão interessantes quanto as luvas de boxe.
A discussão em torno do preconceito surge minimizada em comparação ao filme, e os obstáculos do garoto são mais financeiros que comportamentais. Esse enfoque torna a montagem mais palatável para a plateia adulta e se desvia de possíveis polêmicas — já que é visível o interesse no público infantil. Fica difícil não se encantar com a espontaneidade do carismático Pedro Sousa, o Billy da sessão avaliada, principalmente nas cenas divididas com Vanessa Costa, intérprete da professora de balé.
A versão brasileira de Billy Elliot cativa sem esforços, mas daria um salto considerável se ousasse na discussão da intolerância e da diversidade e fosse menos formatada para o consumo familiar. Com Sara Sarres, Iná de Carvalho e outros. Direção-geral de John Stefaniuk (170min, com intervalo). Livre. Estreou em 15/3/2019. Até 30/6/2019.
+ Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro. Sexta, 20h30; sábado, 15h e 20h; domingo, 14h e 18h. R$ 75,00 a R$ 310,00. Até 30 de junho.