“Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, faz 70 anos e insiste na juventude
São raras as datas consideradas célebres e regularmente lembradas no teatro brasileiro. O dia 28 de dezembro de 1943 é uma das poucas. Há sete décadas, a peça Vestido de Noiva, escrita por Nelson Rodrigues (1912-1980) e dirigida pelo polonês Ziembinski (1908-1978), estreava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi ali que tudo começou. […]
São raras as datas consideradas célebres e regularmente lembradas no teatro brasileiro. O dia 28 de dezembro de 1943 é uma das poucas. Há sete décadas, a peça Vestido de Noiva, escrita por Nelson Rodrigues (1912-1980) e dirigida pelo polonês Ziembinski (1908-1978), estreava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi ali que tudo começou. Não só a carreira de um surpreendente texto, a consagração do maior dramaturgo que o país conheceria ou um novo conceito de diálogo estabelecido entre palco e plateia. Acima de tudo, ali teve início a história de um teatro feito no Brasil que começaria a se aproximar do que era visto lá fora pelos nossos endinheirados.
Protagonizada pelos atores amadores do grupo carioca Os Comediantes, a encenação revolucionária de Ziembinski apresentava uma fragmentada estrutura em três planos — realidade, alucinação e memória, como o original de Nelson pedia. Tudo ao mesmo tempo, no mesmo palco e sem montagem ou desmontagem de cenários. Dada essa dificuldade, Vestido de Noiva se transformou, desde então, em um desafio para os diretores, sobretudo pela dificuldade de levá-lo ao palco com clareza e criatividade.
Como todo clássico que se preza, a peça reaparece constantemente em um teatro perto de nós. Algumas vezes acertadamente e em outras tremendamente equivocadas. O fato é que Vestido de Noiva – setenta anos depois – ainda oferece ferramentas para leituras atuais. E deve continuar sendo assim por muito tempo. Uma trama que mostra a rivalidade de duas irmãs, Alaíde e Lúcia, por causa do amor de um mesmo homem, Pedro. Alaíde é um jovem burguesa fascinada pela vida mundana, simbolizada por Madame Clessi. Há mais de 30 anos, a cafetina morou na casa que a família da protagonista compraria e por lá deixou um diário que caiu nas mãos de Alaíde. Faço aqui a minha homenagem. Ao Nelson Rodrigues e a esse texto que me fez enxergar o teatro de outra forma e perceber que também era possível lê-lo. Essas cenas mostram algumas montagens de Vestido de Noiva e diferentes enfoques que as palavras e ideias do grande dramaturgo ganharam de nossos diretores.
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