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Letrux retorna com disco ‘Letrux aos Prantos’

Cantora lança disco mais introspectivo

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 mar 2020, 07h00 - Publicado em 20 mar 2020, 07h00
Letrux: novo disco (Mariana Falcão/Veja SP)
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A cantora Letícia Novaes possuía apenas 9 reais na conta bancária quando, desesperada, recorreu a um astrólogo. “Gastei o que tinha e ainda fiquei com 300 e tanto negativos, mas ele disse que não precisava me preocupar porque tudo ia mudar na minha vida”, afirma. E mudou. Sem uma banda, depois do fim do duo Letuce, ela se jogou na produção de Letrux em Noite de Climão, de 2017, eleito um dos melhores discos do ano, com o qual ficou dois anos e meio em turnê e que traz a figura de uma mulher que, depois do fim de um relacionamento, se joga na pista.

Desde 13 de março, Letrux retorna para uma nova temporada, desta vez mais introspectiva, em Letrux aos Prantos. “O drama no Brasil deu ao trabalho o tom mais denso e intenso”, explica. Em Abalos Sísmicos, ela faz questão de ressaltar o fato quando em uma das frases diz que “acordou bem, mas o país não colabora”. “Não tem como eu fazer um disco só dançante e para cima, quando só se vê notícia ruim”, completa. O álbum traz diferentes sonoridades, com referências do rock, em Eu Estou aos Prantos, um pouco de samba, no final de Cuidado, Paixão, e o blues na divertida Sente o Drama, gravado com Liniker e os Caramelows. Reforça também a fragilidade humana e o retrato das gerações contemporâneas, com crises de ansiedade e a exigência de ser imbatível. Em Déjà-vu Frenesi, que abre o álbum, a compositora brinca e altera uma expressão da moda: “Se organizar, todo mundo chora, mas nem todo mundo transa”. “Existe uma autoajuda que domina o mundo de ‘seja um campeão’, ‘seja vitoriosa’ e ‘esteja sempre bem’, mas eu nunca conheci gente forte que não fosse vulnerável”, diz.

Para um artista, há sempre a pressão do segundo álbum. O que sentiu? Vem muito mais das pessoas do que de mim. Eu não tenho problema em dizer adeus, em migrar. Sou a primeira pessoa a ir embora do bar. Tenho pavor de quem não sabe ir embora, de quem fica numa mesma situação sempre. E estou muito segura com este álbum. Se não gostarem, paciência.

As composições estão mais diretas.  Você se sente mais aberta? É a maturidade. Em Climão, ainda estava especulando e, agora, abri a porteira da emoção. Eu tenho pavor de “fingir que está bem”, quem fica repetindo que é forte, aí é que não é. As pessoas esquecem do básico, que é chorar. Quem insiste no deboche, no cinismo, está perdendo muito. Eu me resolvo muito da minha vida compondo, como uma análise, e sinto que é universal: amor, desamores, questões existencialistas… Todo mundo sente.

Como acha que as pessoas vão se conectar com esse álbum? Elas estão mais sensíveis. Não as debochadas, irônicas. Depois do processo eleitoral no Brasil, foi horrível. Eu nunca chorei tanto quanto quando o Bolsonaro foi eleito. As pessoas estão mais sensíveis, olhando para dentro e descobrindo que a verdade é a emoção. Senão é todo mundo um robô.

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