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Movida Paulistana

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À frente de projetos de impacto sociocultural, como o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, a recém-aberta Formosa Hi-Fi e o saudoso Studio SP, Alê Youssef construiu uma consistente carreira na área cultural. Em Movida Paulistana, às quintas-feiras, ele vai abordar as correntes vanguardistas com seu olhar atento para o que há de mais inspirador

Barra Funda é cool desde Mário de Andrade e o Largo da Banana

Nos últimos anos a cidade reencontrou ali um desejo de flanar pelas ruas, descobrir projetos de arte alternativos, de ocupar a noite

Por Alê Youssef
13 nov 2025, 08h00
Imagem mostra grande roda de samba com várias pessoas reunidas em um bar ao redor de grupo com homens, que estão sentados tocando diversos insturmentos
Boteco da Dona Tati em setembro: som da Velha Guarda da Camisa Verde e Branco (Wanezza Soares/Veja SP)
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A revista britânica Time Out cravou que a Barra Funda é o terceiro bairro mais cool do mundo. E sim, nos últimos anos a cidade reencontrou ali um desejo de flanar pelas ruas, descobrir projetos de arte alternativos, de ocupar a noite. Mas a Barra Funda vanguardista nasceu muito, mas muito antes do fervo da Rua Souza Lima, das galerias de arte contemporânea e ateliês de artistas, dos bares e restaurantes badalados e desse reconhecimento internacional.

Recentemente fui até o bairro para participar de um debate na Casa Mário de Andrade, em comemoração aos 132 anos do maior dos paulistanos. O espaço que hoje é patrimônio cultural — foi a residência dele entre 1921 ate sua morte em 1945.  Fiquei muito bem impressionado com a qualidade da preservação e com o trabalho desenvolvido pela Organização Social de Cultura Poiesis. 

Foi nessa casa que Mário escreveu boa parte de suas obras mais importantes, como Macunaíma, e onde recebeu figuras centrais do modernismo brasileiro — Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Menotti del Picchia, entre outros. Era ponto de encontro e de saraus ao redor do piano de Mário, que alias ainda está lá.

Mas, a poucas quadras dali, na mesma Barra Funda outra revolução cultural aconteceu. No Largo da Banana, ao lado da estação de trem, existia um comércio de frutas e ex-escravizados que aportaram na cidade para trabalhar ali, transformaram o largo em um espaço de lazer, onde rodas de samba foram se estabelecendo. 

Os ritmos africanos como o jongo e a umbigada e tambores vindos das senzalas das fazendas de café, se uniram aos instrumentos de corda do choro tocado na capital, dando origem ao samba paulistano.

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Não foi por acaso que nas imediações do largo, ainda em 1914, Dionisio Barbosa fundou o Grupo Carnavalesco da Barra Funda, primeiro cordão da cidade, que mais tarde daria origem à tradicionalíssima escola de samba Camisa Verde e Branco.

Quando vemos hoje em dia, os novos espaços de samba se estabeleceram na Barra Funda, ao lado dos lugares modernos que fizeram a cabeça da Time Out, percebemos que o “hype” do bairro está relacionado a uma mistura entre vanguarda e tradição, marca desse território desde sempre.

Nesse sentido, é muito interessante pensar que no início do século 20 os saraus modernistas na casa de Mário de Andrade rolavam a poucos a metros das rodas de samba do Largo da Banana.

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Que o poder público dê a devida atenção a esse bairro tão emblemático da nossa cidade, que apesar de toda fama, sofre com a especulação imobiliária desenfreada, lixo espalhado pelas ruas e nenhuma estratégia de amparo e fomento de toda essa energia criativa produzida por lá. 

A Barra Funda é um laboratório cultural permanente, que precisa ser cuidada e valorizada a partir da sua verdadeira vocação. 

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