A Grande Beleza
Ao lado de Amaro Freitas e Dino Santiago, Criolo eleva a música e melhora a cidade
Foi sob o Viaduto do Chá, no coração de São Paulo, cidade onde as vanguardas culturais se estabelecem desde a Semana de Arte Moderna, que mais uma vez vimos nascer um movimento que aponta para novas tendências culturais. Parte da programação de um festival de celebração de dois anos do Matiz – importante casa de audição do Baixo Augusta – subiram ao palco o cantor e compositor paulistano Criolo, um dos artistas mais importantes e queridos da cidade que recentemente foi capa da Veja São Paulo – em seu aniversário de 50 anos – juntamente com o pianista pernambucano Amaro Freitas e o cantor e compositor português Dino Santiago, para exibir pela primeira vez ao vivo o som do aguardado álbum da parceria que surgiu a partir da música “Esperança” indicada ao Grammy Latino de 2025.
O show foi uma representação musical contundente de territórios da diáspora africana. Rap, jazz, world music, tocados por uma banda primorosa que seguia o piano genial de Amaro, em meio à cantos e à leituras dos livros “Genealogia do Hip Hop” e “Isto é coisa de Preto”, feitas por Criolo e Dino.
Uma ode de louvor e destaque à ancestralidade, à potencia da música e à força criativa desses geniais artistas. A inovação da apresentação apontou para para uma nova possibilidade de futuro – fazendo uma aposta certeira no virtuosismo, na profundidade e na sensibilidade nesse momento de simplificações superficiais e tanta velocidade.
Olhar para frente mantendo lastros com tradições é coisa que Criolo se acostumou a fazer ao longo de sua brilhante carreira. Foi assim quando criou bandas espetaculares para acompanha-lo, inventou um estilo próprio de crónica urbana, estabeleceu as pontes do rap com o samba e criou performances arrebatadoras em grandes shows e festivais.
Senti no Viaduto do Chá, impacto parecido com aquela madrugada fria de 2010, na noite Seleta Coletiva no Studio SP, quando ouvi pela primeira vez “Não Existe Amor em SP”, ainda em fase de testes, antes da gravação e lançamento do seu antológico primeiro disco “Nó na Orelha”.
Estava claro o nascimento de um novo clássico, de um artista espetacular, capaz de produzir grandes belezas da cultura de São Paulo e do Brasil. Assim como na saudosa casa de shows da Rua Augusta, aconteceu no coração de São Paulo, mais uma das belezas de Criolo e a música foi elevada ao mais alto patamar. Ao subir no palco para delírio de uma plateia repleta de figuras da cena cultural paulistana, o artista disse: “sejam todos muito bem vindos à beleza inigualável, jamais imitável, transcendental. Sejam todos muito bem vindos à música preta mundial”.
Em breve será lançado o novo álbum do trio pela gravadora Altafonte. Viva a musica preta mundial, a grande beleza que toca e transforma São Paulo para melhor.
Francisco Bosco: “Há uma confusão entre a crítica ao machismo e a crítica aos homens”
Caso Ângela Diniz: o que aconteceu com Doca Street depois de matar namorada?
Minhocão recebe desfile de balões gigantes no sábado
30 frases e mensagens natalinas para compartilhar com a família e os amigos
Vendaval causa cancelamentos e alterações em voos em Congonhas em SP





