Vencedores do Prêmio Design MCB
Aconteceu ontem a cerimônia de premiação do 26ª edição do Prêmio Design MCB, promovido pelo Museu da Casa Brasileira. Há algumas semanas, o coordenador do júri, Freddy Van Camp, havia falado ao blog sobre tendências e não tendências (leia aqui). Hoje, você fica sabendo quem ficou com o primeiro lugar em cada categoria. Foram 867 […]

Aconteceu ontem a cerimônia de premiação do 26ª edição do Prêmio Design MCB, promovido pelo Museu da Casa Brasileira. Há algumas semanas, o coordenador do júri, Freddy Van Camp, havia falado ao blog sobre tendências e não tendências (leia aqui). Hoje, você fica sabendo quem ficou com o primeiro lugar em cada categoria. Foram 867 inscritos, recorde histórico, e os vencedores terão seus trabalhos expostos no museu até 13 de janeiro (visitas de terça a domingo das 10h às 18h; ingressos custam 4 reais e a entrada é gratuita aos domingos e feriados. O MCB fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima 2705).
Mobiliário
– Dinn
Design: Jader Almeida/ Produção: Sollos
Esta mesa se destaca pelo rigor geométrico e pela leveza visual, apesar de seus quase 3m de comprimento. De linhas minimalistas, interfere pouco na ambientação e amplia as opções na hora de escolher o modelo de cadeira. As soluções construtivas da estrutura do tampo se destacam por cumprir sua função primária de forma eficiente sem deixar de lado o aspecto estético. A mistura de materiais, aço-carbono e placas de MDF revestidas de lâmina de madeira, é mais um elemento de valorização do produto. No aspecto logístico, a mesa dispõe de um recurso inteligente: seus pés são removíveis e facilmente instalados, usando apenas quatro parafusos. Posicionados nos extremos do tampo, eles permitem acomodar até 14 cadeiras.
Mobiliário – protótipos
– Estante de roupas – Menção Honrosa
Design: André Pedrini e Ricardo Freisleben Lacerda – Oboio Design Studio
De grande versatilidade, esta estante é adequada ao público jovem. O móvel pode se mostrar útil também para casas de veraneio. Leve e tecnicamente bem concebida, a peça faz uso de pouco material, o que permite a rápida montagem por uma única pessoa e sem o auxílio de ferramentas. Seus itens são armazenados em uma caixa, de fácil transporte, que se agrega ao conjunto quando a estante é instalada. Um projeto contemporâneo que estimula a organização descontraída em espaços de pequenas dimensões.
Iluminação
– Linha Vinte2
Design: Fernando Prado – Lumini/ Produção: Lumini
Criada em comemoração aos 90 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, a linha é apresentada nas versões mesa e pendente, em 15 cores. Baseadas em imagens e significados do movimento modernista, elas se destacam pelo cuidado em cada detalhe. Estabelecem o diálogo entre o ontem e o hoje, entre os diferentes materiais e seus momentos tecnológicos, entre as linguagens da indústria e a memória do fazer artesanal, características presentes no uso de cores vivas, na opção pela madeira maciça torneada, em seu sistema de acionamento, na chapa de alumínio beneficiada e na lâmpada que usa a base das tradicionais incandescentes, conhecida como E27, associada a três LEDs encapsulados.
Iluminação – protótipos
– Luminária 1” (menção honrosa)
Design: Denis Joelsons
Criada a partir do desejo de se obter um produto economicamente acessível e de fácil fabricação, a luminária promove o encontro entre a habilidade e a simplicidade: utiliza a própria lâmpada fluorescente como eixo, o que permite girar o refletor, um perfil em “L” de alumínio, de uma polegada. O desenho da peça foi guiado pelo uso de componentes baratos e facilmente encontrados, como os perfis, reatores, braçadeiras, réguas e cantoneiras, sob o desafio de resultar em um conjunto coeso e elegante, de dimensões reduzidas, para ser oferecido futuramente a um preço competitivo.
Têxteis
– Franja
Design: Bia Martinez/ Produção: Empório Beraldin – Temar Têxtil
Com elementos marcantes da cestaria, tecelagem e arte plumária indígena brasileira, o tecido estabelece o difícil diálogo entre os processos industrial e artesanal. Feito no tear jacquard com programação eletrônica, um dos mais modernos e versáteis, mescla em sua estrutura trechos do ligamento chevron, também conhecido como espinha de peixe, e de tecido duplo, com fios flutuantes que são recortados à mão para criar irregularidades e variações no seu visual, o que traz para esse tecido confeccionado industrialmente qualidades que são típicas dos produzidos de maneira artesanal.
Equipamentos de transporte
– Superia (menção honrosa)
Design: Cristiano Godinho Barony/ Produção: Inditec
Esta cadeira de rodas destaca-se pela concepção básica do projeto, que prioriza a mobilidade e a segurança, utilizando materiais e técnicas construtivas adequados. Proporciona leveza e conforto, além de estabilidade. Sua criação para o trabalho de conclusão da graduação do autor surgiu pela dificuldade que as cadeiras de rodas convencionais têm para superar obstáculos superiores a 2cm. A solução para este problema veio com a adoção de um sistema de amortecimento que direciona o movimento de corrida, de sentido horizontal, para o vertical, e possibilita erguer a cadeira.
Equipamentos de construção
– Linha Nereya de interruptores (menção honrosa)
Design: Luiz Augusto de Siqueira Indio da Costa e André Lobo/ Produção: Pial Legrand
A peça possibilita a combinação de diferentes funções, com 3 módulos independentes que podem ser inseridos sem o uso de ferramentas, preenchidos por teclas e tomadas, de acordo com a necessidade do usuário. Tem cantos arredondados e oferece segurança e facilidade de montagem: seu terminal proporciona a conexão automática e o isolamento dos fios, dispensando o uso de parafusos para prendê-los e evitando curtos-circuitos. Destaca-se no mercado da construção civil por suas formas, acabamento e variada gama de cores. Utiliza polipropileno, material não aderente que permite fácil limpeza.
Revestimento Vibratione (menção honrosa)
– Design: Aline Siemenskoski – Maski/ Produção: Maski
Produto original, que resultou de intensa pesquisa sobre a matéria-prima e seus meios de produção, o revestimento destaca-se pela espessura esbelta e estrutura resistente, o que representa um desafio frente ao principal insumo utilizado em sua composição: o cimento. Oferecido em diversas cores, revela inovação tecnológica nesta aplicação e no seu processo de moldagem, que permitiu criar o baixo relevo e as texturas contrastantes da superfície, com acabamento fosco e brilhante. Seu brilho natural é obtido sem polimento. A peça foi desenvolvida pela autora para a empresa Maski, que até então fabricava pisos e blocos de concreto e buscava diferenciação entre os concorrentes.
Utensílios
– Cadeado Node
Design: Alessandro Vassalo, Juliana Callia e Luz Romero/ Produção: Papaiz Nordeste
O produto evidencia a importância da pesquisa no segmento do design de utensílios domésticos e apresenta um conceito inovador no mercado de cadeados: seu sistema de fechamento, por meio de um cabo de aço flexível, permite envolver o objeto a ser protegido, comprimindo-o até a posição de bloqueio. Com ele, é possível trancar de maneira muito simples desde um pequeno pacote até uma valise de viagem. Seu desenvolvimento ocorreu por meio de pesquisas que tomaram como ponto de partida quem usa esse tipo de utensílio e revelaram à equipe de design algumas gambiarras que as pessoas fazem para proteger seus pertences, demonstrando que os cadeados tradicionais já não atendiam plenamente a todas as necessidades de uso e precisavam explorar outras possibilidades.
Utensílios – protótipos
– Aram óculos
Design: Maycon Eduardo Passos de Melo, com orientação de José Luiz Casela – Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Uma contribuição técnica e estética à ótica, segmento geralmente submetido aos ditames das tendências europeias, estes óculos são confeccionados de madeira certificada, que somada ao requinte produtivo imprime originalidade e personalidade ao seu design. Sua armação recebe acabamento com lixa e óleos vegetais, que selam o produto contra umidade e fungos. As articulações, também feitas de madeira, possuem sistema sutil de estabilização, que confirmam a sofisticação projetual e contribuem para a redução do peso do produto, além de evitar que as pontas das hastes encostem-se às lentes e causem danos ao objeto. Destacam-se ainda seu conforto tátil e sua produção artesanal racional ao empregar uma única matéria-prima.
– Talheres Trou
Design: Felipe Pedroso, com orientação Luis Carlos Paschoarelli – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Estes talheres aliam formas em perfeita harmonia aos conceitos de manuseio ergonômico. São desenvolvidos de cerâmica – um material durável, resistente a variações térmicas, à abrasão, de fácil higienização, e menos “frio” que outros materiais empregados nesse tipo de produto. Mais leves que os tradicionais talheres metálicos, possuem recortes nos cabos que visam ampliar a área de empunhadura e criar resistência física. O cabo da faca, em especial, foi suavemente prolongado para proporcionar maior superfície de contato ao dedo indicador e melhor distribuição da pressão.
Equipamentos eletroeletrônicos
– Titan
Design: Aguilar Selhorst Junior, Caetano Lobo, Eduardo Kalinowski Netto, Guilherme de Moura, Vinicius Iubel e Vitor Parise – Megabox Design/ Produção: Wap
O produto tem aspectos formais e estruturais bem resolvidos, adequados ao seu público consumidor, composto por moradores de condomínios residenciais, chácaras e espaços comerciais. O principal diferencial do seu projeto é o chassi monobloco em plástico injetado, que viabiliza a colocação do eixo, a fixação da bomba e o apoio frontal em uma única peça. Essa solução deixa o produto com um aspecto limpo e robusto, possibilita a redução do custo de produção, proporciona o suporte aos acessórios e mangueiras, e traz eficiência ao processo de montagem e desmontagem. Graças às suas formas geométricas, ocupa pouco espaço, o que possibilita ser facilmente guardado pelo usuário e distribuído nos pontos de venda.
Trabalhos escritos publicados
– Linha do tempo do design gráfico no Brasil
Autoria: Elaine Ramos Coimbra, Francisco Inacio Scaramelli Homem de Melo/ Edição: Cosac Naify
A publicação traz um levantamento inédito e primoroso sobre o design gráfico brasileiro, desde a primeira década do século XIX até a última do século XX. Com 1500 peças gráficas, o trabalho apresenta um panorama de 200 anos de história e se estabelece como contribuição fundamental à constituição e consolidação da memória do design e da cultura do país.
Conjunto de textos publicados
– Revista Monolito
Autoria: Fernando Serapião – Editora Monolito/ Edição: Monolito
A revista bilíngue se destaca por trazer a cada edição um tema ligado à arquitetura, área ainda carente de publicações no Brasil. Bem escrita, registra a produção contemporânea do segmento e abre espaço para o debate e a reflexão, embora ainda pudesse aprofundá-lo. Publicada a cada dois meses, com excelente qualidade gráfica, é material que se torna obrigatório nas bibliotecas de cursos, escritórios e aficionados.
Trabalhos escritos não publicados
– Triunfos e impasses: Lina Bo Bardi, Aloísio Magalhães e a institucionalização do design no Brasil
Autoria: Zoy Anastassakis – UFRJ
O trabalho discute os processos que levaram à instituição e consolidação do design como campo profissional no país e as primeiras tentativas de institucionalização da prática e do ensino na área. Destaca a importância de Lina Bo Bardi e Aloísio Magalhães no cenário político nacional e em uma abordagem menos hegemônica da história do design.