Prédio de 40 anos acopla varandas
Um edifício de um bairro nobre da cidade está passando por uma experiência que para a maioria dos paulistanos é difícil até de imaginar que possa acontecer. Construído na década de 70, esse prédio está ganhando varandas (sim, varandas!) agora, quase quarenta anos depois. A obra começou no final do ano passado e inclui todos […]

Um edifício de um bairro nobre da cidade está passando por uma experiência que para a maioria dos paulistanos é difícil até de imaginar que possa acontecer. Construído na década de 70, esse prédio está ganhando varandas (sim, varandas!) agora, quase quarenta anos depois. A obra começou no final do ano passado e inclui todos os mais de 30 apartamentos do edifício, que receberão uma área extra de 38 metros quadrados adicionais de laje, valorizando bastante as unidades, que já têm quase 280 metros quadrados.
Trata-se de uma manobra de engenharia e também de legislação, já que depende de uma série de autorizações junto à prefeitura, a outros órgãos públicos e a profissionais que participaram da construção, nos anos 70. Não há leis específicas para ampliação, o que faz com que os entraves burocráticos fiquem ainda mais complicados. Isso sem falar na necessidade de submeter o feito a uma assembleia de condomínio. A empreitada só pode seguir adiante se tiver anuência de 100% dos proprietários.
Os estudos foram iniciados há cinco anos por um dos moradores, que liderou todo o processo e, por sorte e persistência, não se abateu com os obstáculos. “É uma maratona, por isso as pessoas desistem no meio do caminho”, afirma ele, que há trinta anos tem assistido a inúmeras tentativas frustradas de outros condôminos de levar a coisa para frente. “Só conseguimos concretizar a partir do momento que decidi lidar com o assunto de forma totalmente profissional, contratando uma empresa que gerenciasse aprovações internas e nos órgãos públicos, elaboração de projetos, concorrências anteriores ao início da obra e execução”, diz ele, que por ora prefere não ser identificado e manter a “identidade” do prédio sob sigilo.
Imagem do prédio durante a obra: montagem em apenas um mês (Foto Mariana Barros)
Detalhe das varandas, já em fase de pré acabamento (Foto Mariana Barros)
Projeção da estrutura metálica já pronta, adicionando 38 metros quadrados a cada apartamento (Imagem PAX ARQ)
Para a instalação das varandas, foi preciso achar um guindaste com uma lança de 80 metros de alcance e que não precisasse usar o espaço público, restrição imposta pela CET. Até onde se sabe, só existem três guindastes em todo o país com estas características. Assim, os moradores do edifício tiveram de entrar em uma “lista de espera” pelo equipamento, que só foi liberado após participar da construção de um shopping, o que provocou um atraso de dois meses no cronograma.
As peças içadas pesavam de uma a duas toneladas. Juntas compõem uma estrutura metálica que vai sendo “amarrada” ao corpo do edifício. A montagem propriamente de toda a estrutura metálica foi rápida, levou menos de um mês. O mais incrível é que durante todo o processo os moradores continuaram lá, levando vida absolutamente normal, exceto pelo mega tapume que passou a cobrir a área onde seriam implantadas as varandas. Agora em fase de acabamento (falta fazer caixilharia e guarda-corpo), esse mega retrofit deve acabar no mês que vem. O valor do metro quadrado certamente subirá, vamos ver a que patamar.