Casas históricas à venda
João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) é um dos principais nomes da arquitetura paulistana. Entre suas obras mais conhecidas na cidade, estão o edifício que abriga a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e o charmoso Louveiras, na Praça Vilaboim. Menos conhecida é uma casinha no Brooklin dos anos 40, que ele desenhou para morar. O […]
João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) é um dos principais nomes da arquitetura paulistana. Entre suas obras mais conhecidas na cidade, estão o edifício que abriga a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e o charmoso Louveiras, na Praça Vilaboim. Menos conhecida é uma casinha no Brooklin dos anos 40, que ele desenhou para morar. O imóvel acaba de ser colocado à venda por 3,3 milhões de reais e integra o catálogo da Special Properties, boutique imobiliária de endereços de charme.
Curiosamente, o intermediador do negócio foi um o arquiteto, Wesley Macedo, que por seu bom trânsito no meio ultimamente se viu desempenhado o papel de corretor. “Dois amigos me pediram ajuda para vender seus imóveis e eu topei”, conta ele. O dono dessa casinha é o arquiteto Júlio Artigas, filho do homem e herdeiro do gosto pela profissão, sendo um dos professores associados da Escola da Cidade. A outra amiga em questão é proprietária de uma casa projetada por Rino Levi (1901-1965) para sua sogra, a pianista Yara Bernette, e também está localizada no Brooklin.
Macedo é formado pela FAU USP, onde atualmente cursa mestrado. No ano passado morou por quase quatro meses em Nova York trabalhando no escritório de Arthur Casas, que foi tema de post aqui em dezembro. “Participei de projetos de apartamentos e até de casas na China”, diz ele, que segue colaborando com outros profissionais na Big Apple.
A planta da tal casinha do Artigas quase não tem divisórias, destoando bastante da produção da época. Tem dois dormitórios e desenho inspirado na produção do arquiteto americano Frank Lloyd Wright, cujo trabalho influenciou Artigas naquele período. A poucos metros dela, no mesmo terreno com mil metros de área, está uma segunda casa também projetada pelo arquiteto. Dessa vez, foi Le Corbusier quem lhe serviu de inspiração. São três dormitórios, sala com pé direito duplo e um pátio interno para onde dão os cômodos.
Já a casa de Rino Levi é de 1954 e tem dois pavilhões separados por um jardim, salas com pé direito duplo e dois dormitórios. “Originalmente os jardins foram criados por Burle Marx, mas hoje estão desconfigurados”, diz Macedo. O preço de venda do imóvel é de 2,5 milhões de reais, num terreno de quase 600 metros quadrados. São casas funcionais, bem ventiladas e iluminadas, confortáveis, mas nada luxuosas — pelo menos não da maneira como estamos acostumados a pensar em luxo. Aqui, luxo é o amplo contato com o exterior e a simplificação dos ambientes (varanda gourmet nem pensar).
“Dificilmente esses imóveis interessarão ao público de apartamentos à venda Jardins ou na Vila Nova Conceição”, diz o arquiteto. “Só serão valorizados por quem gosta muito de arquitetura e acha interessante viver num local de importância histórica”.
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