5 perguntas para Alvaro Puntoni
O arquiteto Alvaro Puntoni está longe de ser novo na praça. Aos 47 anos, coleciona um dos portfólios mais respeitados do país, além de parcerias com pesos-pesados da profissão como Angelo Bucci e Alvaro Razuk. Professor de projeto há mais de vinte anos, ele atualmente leciona na FAU-USP e na Escola da Cidade, em que […]
O arquiteto Alvaro Puntoni está longe de ser novo na praça. Aos 47 anos, coleciona um dos portfólios mais respeitados do país, além de parcerias com pesos-pesados da profissão como Angelo Bucci e Alvaro Razuk. Professor de projeto há mais de vinte anos, ele atualmente leciona na FAU-USP e na Escola da Cidade, em que é um dos sócios fundadores. Desde 2004, lidera o Grupo SP, escritório de arquitetura instalado no histórico edifício Esther, na Praça da República.
Além de dezenas de prêmios, Puntoni prima pela variedade de projetos, sejam institucionais, educacionais, culturais, de serviços e infra-estrutura. Entre os residenciais, é autor de dois edifícios que estão entre os mais criativos dessa nova leva aos poucos erguida na cidade. Construídos pela Idea Zarvos!, o Simpatia 236 e o Itacolomi 445 chamam a atenção pela elegância moderna, pela funcionalidade e pela ousadia.
No Simpatia, na Vila Madalena, foi criada uma pequena praça pública na parte de trás do terreno. Mais do que um simples espaço, é uma afirmação da importância de sermos gentil com a cidade e de valorizarmos toda e qualquer área de convivência possível. No Itacolomi, em Higienópolis, a planta flexível oferece pé direito duplo e a oportunidade de morar num prédio novinho em um dos bairros mais antigos de São Paulo.
Abaixo, Puntoni conta um pouco sobre sua relação com a cidade.
Para você, o que é morar em São Paulo?
Morar em uma cidade ao lado de outros 11 milhões de habitantes – com seus problemas e suas inúmeras virtudes – é uma experiência única e singular. Não posso me imaginar trabalhando como arquiteto em outro lugar do que não este aqui. Gosto de pensar, como sugere o poeta grego Kavafis no belo poema “Cidade”, que não adianta tentar se libertar, pois ela sempre nos seguirá. Aonde formos ela estará dentro de nós.
O que não pode faltar em uma casa paulistana?
Penso mais em coisas que não deveríamos ter, como muros altos e opacos, grades, cercas elétricas, portarias e guaritas. Nossas casas poderiam e deveriam revelar um mundo melhor e inimaginável.
De que maneira o lugar onde moramos impacta na nossa vida?
Nossos corpos são extensões do meio e vice-versa, de forma que não podemos dissociar o lugar do ser e do estar. Vilanova Artigas nos ensina e relembra que a casa é a cidade: ou seja não vivemos somente dentro, mas efetivamente fora, e aí é que podemos ser o que somos.
Qual sua opinião sobre a arquitetura da cidade?
São Paulo é marcada por muita construção e pouca intenção. Lucio Costa afirma que a arquitetura é justamente o inverso desta constatação. Infelizmente a boa arquitetura é uma exceção em um território intensamente ocupado.
Seu projeto arquitetônico preferido na cidade (que não seja seu)
São muitas obras que me agradam. Difícil falar e uma única obra. O Masp, a marquise do Parque do Ibirapuera, o Sesc Pompeia, a FAU-USP, o Mube, o Conjunto Nacional, o Centro Cultural… são obras que sempre emocionam, continuamente, como uma musica inesquecível e uma pessoa que amamos.