
Paulista de Araraquara, o jovem José Celso Martinez Corrêa quase foi mais um advogado, de terno e gravata, diplomado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O teatro, no entanto, virou sua cabeça nos corredores da própria universidade, graças à parceria que fez com outro colega, o carioca Renato Borghi.
Juntos, eles fundaram, em 1958, o Oficina, grupo profissionalizado três anos depois. Fica difícil imaginar o inquieto Zé Celso, que, assim como Borghi, completa 80 anos no próximo dia 30, exercendo seu ofício nos tribunais. A lábia, comum aos advogados, permaneceu entre as qualidades desse grande artista e apoiou nos discursos polêmicos a essência de sua obra.
Responsável por espetáculos célebres como Pequenos Burgueses e O Rei da Vela, Zé Celso enfrentou a repressão militar em defesa de suas convicções enquanto resistiu. Em dezembro de 1972, desgastado pela censura, recorreu ao clássico As Três Irmãs, do russo Anton Tchecov.
Partiu para o exílio, em Portugal, e mergulhou no experimentalismo radical que permeia seu trabalho até hoje. Atual provocação do Oficina, a peça Bacantes pode ser vista aos sábados e domingos, às 18 horas, no teatro da Rua Jaceguai e ganha sessão extra no dia 30, às 20 horas, para celebrar em cena os 80 anos muito bem vividos de um dos mais potentes diretores do teatro brasileiro.