Nova série passeia pela história das comidas brasileiras
'História da Alimentação no Brasil', série disponível no Amazon Prime Video, segue passo a passo o livro homônimo do potiguar Câmara Cascudo, de 1967
O paulistano Eugenio Puppo é diretor, produtor, pesquisador, narrador e um dos montadores de História da Alimentação no Brasil, série disponível no Amazon Prime Video, que segue os passos da extensa investigação do potiguar Câmara Cascudo sobre a origem das comidas brasileiras. Em treze episódios, com 26 minutos cada um, o espectador passeia pela história de alimentos como a mandioca, o milho e a banana, e mergulha nas raízes das culinárias indígena, africana e portuguesa. Puppo se envolveu no projeto em 2010 após reler a publicação, de 930 páginas, e, seis anos atrás, começou as gravações.
Suas primeiras entrevistadas foram Anna Maria Cascudo (1936-2015) e Daliana Cascudo, a filha e a neta, respectivamente, do antropólogo e escritor, que morreu em 1986, aos 87 anos. A partir de 2016, Puppo intensificou o ritmo de trabalho e, durante quatro meses de filmagens, entre Brasil e Portugal, colheu depoimentos de 76 pessoas, como historiadores, artistas, cozinheiros e sociólogos. Passou por trinta cidades, como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Belém, Recife, Rio de Janeiro, Lisboa e Porto. “Também falei com pessoas nas feiras e nos mercados, algo muito comum que Cascudo fazia”, diz o realizador. Nas locações paulistanas está a Ceagesp e, entre os chefs, figuram Rodrigo Oliveira, do Mocotó, e Ana Luiza Trajano, do Instituto Brasil a Gosto.
A dor de cabeça do cineasta, porém, não foi traduzir em imagens a mesma pesquisa de Cascudo, e sim condensar em capítulos de menos de meia hora mais de 400 horas de material gravado. Valeu a pena. Compacta, informativa e visualmente apetitosa, a série aposta num conteúdo que mistura gastronomia e sociologia, simplicidade e sofisticação numa incursão por um Brasil ao mesmo tempo regional e plural. Não à toa, uma segunda temporada já está prevista.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 13 de maio de 2020, edição nº 2686.