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Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

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‘O Clube das Mulheres de Negócios’ quer arrancar as cabeças do patriarcado

Novo filme de Anna Muylaert é delírio coletivo brutal com inversão dos papéis de gênero e elenco estrelado

Por Mattheus Goto
Atualizado em 28 nov 2024, 23h01 - Publicado em 28 nov 2024, 20h00
Elenco excepcional e talentoso: mulheres nos papéis de homens em 'O Clube das Mulheres de Negócios '
Elenco excepcional e talentoso: mulheres nos papéis de homens em 'O Clube das Mulheres de Negócios ' (Aline Arruda/Divulgação)
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Uma voracidade fatal domina O Clube das Mulheres de Negócios. O novo filme de Anna Muylaert gera uma comoção inegável, seja o riso satírico ou o choque do suspense e da crítica social. Pode-se dizer que o longa quer arrancar as cabeças — literalmente — do patriarcado, sem hesitar. Para isso, vira o sistema de ponta cabeça.

Nesta ficção, são as mulheres que abusam do poder e dos homens, que por sua vez ocupam uma posição submissa. O “fotógrafo homem” Jongo (Luís Miranda) e o repórter novato Candinho (Rafael Vitti) vão ao clube que dá nome ao longa para passar um dia com as tais mulheres e produzir uma reportagem.

Um grande elenco dá vida às matriarcas, das quais ganham destaque pelas performances a presidente Cesárea (Cristina Pereira), a criminosa Norma (Irene Ravache), a latifundiária Yolanda (Grace Gianoukas) e a cantora de funk Kika (Polly Marinho).

A inversão nos papéis causa situações cômicas e absurdas. Enquanto pequenos comentários no roteiro evidenciam as microviolências na vida real, cenas impactantes, como a de um assédio sexual, denunciam o machismo, questionam normas e limites e simbolizam um desejo de reparação histórica por todos os males. A tensão é potencializada quando as onças de estimação escapam das gaiolas.

O longa cria interlocuções interessantes com obras como a peça King Kong Fran, de Rafaela Azevedo, e o livro Sobre Os Ossos dos Mortos, de Olga Tokarczuk.

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É um daqueles filmes que mexe com o espectador e gera reação e discussão. Anna Muylaert demonstra o poder da autoralidade.

NOTA: ★★★☆☆

Publicado em VEJA São Paulo de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921

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