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Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

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Como a produção de ‘Ainda Estou Aqui’ reconstruiu a casa da família Paiva

Com a ajuda dos filhos de Eunice e Rubens, o diretor Walter Salles criou uma ambientação “idêntica”, até com “cheiro semelhante”

Por Mattheus Goto
Atualizado em 28 nov 2024, 18h43 - Publicado em 28 nov 2024, 18h25
Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva em 'Ainda Estou Aqui'
Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva em 'Ainda Estou Aqui' (Alile Dara Onawale/Divulgação)
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Uma personagem fundamental no filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que conta a história real de Eunice e Rubens Paiva, é a casa em frente à Praia do Leblon onde a família morou entre os anos 60 e 70, durante a ditadura militar.

“Havia ali uma rotina de uma família com qualidades e defeitos, com alegria, com música, num lugar paradisíaco que era o Rio de Janeiro nos anos 60 e 70, e que de repente tem uma interrupção brutal”, conta Marcelo Rubens Paiva, autor do livro homônimo que inspirou o filme.

O casal e os cinco filhos moravam em um sobrado na Avenida Delfim Moreira. Na época, a rua só tinha um prédio e o bairro não era valorizado como hoje. “Aquela casa foi um achado”, conta o escritor. Com a prisão e o assassinato de Rubens Paiva pelos militares, a família voltou para São Paulo e o local foi vendido para a construção do Edifício Tom.

Para captar a essência e a atmosfera do lar da família, o diretor do filme recorreu a diversos recursos. Primeiro, sua vivência: “Tive a sorte de conhecer [a casa] no final dos anos 60”, conta o cineasta.

Salles explica que, no processo de pesquisa das locações, foi coletada uma sequência de fotos da construção original, com um detalhamento da sua arquitetura e do estilo predominante no Leblon no início dos anos 70. “Encontramos uma casa erguida exatamente na mesma década, no início dos anos 50, com os mesmos dois pisos e uma distribuição interna muito semelhante à casa original”, diz.

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Apesar do enredo se passar no Leblon, o cenário fica na Urca. O imóvel foi comprado por R$ 14 milhões, segundo o jornal O Globo, e cedido pelo proprietário para as gravações do longa.

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Lar da família Paiva no Leblon (Arquivo pessoal/Reprodução)

Em seguida, houve a colaboração dos irmãos, em especial de Ana Lúcia, ou Nalu, como é apelidada. A produção criou um grupo chamado “Fotos de família” no WhatsApp e cada um deles compartilhou o que tinha. “Nalu tinha uma memória fotográfica da casa. Ela nos enviou croquis com a disposição dos móveis em cada um dos cômodos, incluindo as cores da mobília e dos quadros”, comenta Salles.

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“O Walter pediu imagem dos interiores e eu lembro de cor”, afirma Ana, consultora de empresas. “Peguei e desenhei em um papel a planta do andar de baixo e do andar de cima. Coloquei sofá, poltrona, onde jogavam gamão, os quartos, o escritório só dos adultos. Fiz sem me pedirem. Depois, ele me escreveu agradecendo e dizendo que estava há semanas tentando entender como fazer e que ajudou muito. Eles utilizaram e respeitaram.”

Segundo o diretor, essa “riqueza de detalhes” ajudou o diretor de arte Carlos Conti a reencontrar o espírito da casa original. “No início das filmagens, quando o Marcelo visitou o set, ele entrou e disse: ‘Até o cheiro é semelhante’. Foi um alívio e tanto (risos)”, brinca.

Produção do filme 'Ainda Estou Aqui' recriou imagens na fachada da casa no Leblon
Produção do filme ‘Ainda Estou Aqui’ recriou imagens na fachada da casa no Leblon (Reprodução/Divulgação)
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“Acharam uma casa idêntica e fizeram ali um tratamento de pós-produção que encaixou exatamente no lugar que a gente morava”, analisa Marcelo.

História real de Ainda Estou Aqui

O longa narra a história real de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro em diferentes idades. Após o desaparecimento do marido, Rubens (Selton Mello), durante a ditadura, ela virou um símbolo da luta contra o regime militar. A inspiração veio do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história dos pais.

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